Os esforços de distanciamento social para evitar o colapso hospitalar diante da pandemia de covid-19 podem ser necessários, ao menos de modo intermitente, até 2022. É o que estima um grupo de pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard em artigo publicado nesta terça-feira (14), na revista Science.
Os cientistas buscaram avaliar, para os próximos cinco anos, quanto o coronavírus SARS-CoV-2 deverá persistir na população humana após o estágio inicial da pandemia. Uma resposta concreta, dizem, dependerá de sabermos exatamente quanto vai durar a imunidade humana depois da contaminação ou de tomar uma eventual vacina. E, para isso, serão necessários estudos sorológicos urgentes que determinem a extensão da imunidade da população, se ela diminui com o tempo e a que taxa.
O grupo, liderado pelo epidemiologista Marc Lipsitch, usou estimativas de sazonalidade e imunidade e imunidade cruzada para outros coronavírus, levando em caso dados de séries temporais dos EUA.
Eles projetam que surtos recorrentes do SARS-CoV-2 no inverno provavelmente ocorrerão após a onda pandêmica inicial mais grave. Sem outras intervenções, a forma de evitar o colapso do sistema de saúde pode ser necessário um distanciamento social prolongado ou intermitente até 2022.
"Intervenções adicionais, incluindo capacidade ampliada de cuidados críticos e uma terapêutica eficaz, melhorariam o sucesso do distanciamento intermitente e acelerariam a aquisição da imunidade do rebanho", escrevem.
Eles dizem que os estudos sorológicos vão determinar a extensão e a duração da imunidade. "Mesmo no caso de eliminação aparente, a vigilância de SARS-CoV-2 deve ser mantida, pois um ressurgimento do contágio pode ser possível até 2024", dizem.