Neste domingo (12), a Opep, a Rússia e outras nações concordaram em reduzir a produção de petróleo em uma proporção recorde na história da commodity. O acordo promete reduzir cerca de 10% da oferta global, na tentativa de valorizar os preços em meio à pandemia de coronavírus.
Após quatro dias de longas negociações, mediante uma forte pressão dos Estados Unidos, o grupo conhecido como Opep+ concordou em reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia nos meses de maio e junho. Duas fontes da Opep confirmaram que o acordo foi de fato fechado em uma videoconferência neste domingo (12).
Durante o maior corte de produção de petróleo de todos os tempos, os países comprometidos devem continuar reduzindo gradualmente a produção por dois anos, até abril de 2022. O plano no longo prazo visa conter os efeitos do isolamento social na demanda da commodity.
As medidas tomadas por governos ao redor do mundo para retardar a disseminação do coronavírus baixaram violentamente a demanda por combustível e, por consequência, reduziram os preços do petróleo. O movimento ameaçou a indústria de xisto dos EUA, que é mais vulnerável à queda de preços por seu alto custo de produção.
Em razão disso, o presidente americano Donald Trump ameaçou tarifar o petróleo da Arábia Saudita e adotar outras medidas, se o problema do excesso de oferta da commodity no mercado não fosse solucionado. A Opep+, por sua vez, manifestou estar posicionada a favor de que produtores de fora do grupo, como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Noruega, cortassem mais 5% ou 5 milhões de bpd.
O Canadá e a Noruega sinalizaram disposição para atender ao pedido enquanto os Estados Unidos, onde a legislação dificulta a atuação em conjunto com blocos como a Opep, disseram que sua produção deverá cair acentuadamente neste ano devido aos baixos preços.
A assinatura do acordo tem sido adiada desde quinta-feira (9), depois que o México se recusou a fazer os cortes de produção solicitados. O presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador disse, na sexta-feira (10), que os EUA haviam se oferecido para fazer os cortes extras em nome do México, em uma oferta incomum de Trump, que há muito tempo critica a Opep.
Trump disse que o país ajudaria o México atendendo a parte da cota com um posterior reembolso. O presidente não explicou, entretanto, como isso vai funcionar.
Estima-se que a demanda global de petróleo tenha caído em um terço, já que mais de 3 bilhões de pessoas estão trancadas em suas casas devido ao surto de coronavírus.
Um corte de 15% na oferta pode não ser suficiente para deter a queda nos preços, de acordo com as previsões de bancos como Goldman Sachs e UBS. De acordo com as projeções, os preços do Brent vão cair para US$ 20 por barril, dos US$ 32 atuais e US$ 70 do início do ano.