“Os números vão crescer muito. Hoje, nós já temos o início do gráfico. Até o fim da semana que vem vocês vão ver muitos casos confirmados de covid-19”. A previsão é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao falar sobre as ações do governo federal no combate ao novo coronavírus. Até o momento, o Brasil acumula oficialmente 299 mortes e 7.910 casos confirmados.
O avanço no diagnóstico, no entanto, não significa necessariamente que o índice de contaminações tenha aumentado de maneira “descontrolada” no país. Pelo contrário, poderá estar relacionado, entre outras coisas, com o avanço da capacidade dos estados em realizar exames com a chegada do primeiro lote de testes rápidos que serão distribuídos pelo governo federal.
Com maiores condições de processamento de exames, governos como o de São Paulo, por exemplo, que vem sendo criticado por conta da fila de 16 mil testes, poderão se aproximar de estimativas mais reais da quantidade de pessoas com a covid-19.
A reportagem do R7 separou algumas consequências que mostram como o salto no número de casos pode ser bom para as ações contra a pandemia.
Queda da taxa de letalidade
Segundo o Ministério da Saúde, o aumento no número de casos confirmados deve diminuir a taxa de letalidade — proporção entre o número de mortes e o número total de doentes —, que atualmente está em 3,5%.
“Se você aumenta o número de casos, a taxa de letalidade cai. Hoje, o número de casos confirmados está muito menor do que aquele que está circulando dentro da nossa sociedade, o que aumenta, e muito, a necessidade de a gente ter muito mais cuidado para segurar, porque se não tivéssemos esse cuidado, provavelmente hoje teríamos espiral de casos”, explicou Mandetta.
Um estudo elaborado por universidades britânicas baseado em dados sobre a propagação do novo coronavírus na China apontou que a taxa de letalidade da covid-19 é de 0,66%, levando em conta que uma proporção das infecções não está confirmada.
Diagnóstico rápido
Com uma fila de mais de 16 mil exames de covid-19 sem resultado, São Paulo terá um mutirão envolvendo laboratórios públicos e privados para acelerar o processamento das amostras. Além disso, a rede pública paulista passará a contar com 100 mil testes rápidos, que serão enviados pelo governo nos próximos dias.
O auxílio federal e o mutirão cordenado por Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, devem contribuir substancialmente para tornar o processo de diagnóstico mais rápido na região mais atingida pela epidemia.
"Esperamos zerar essa fila de testes o mais rapidamente possível", disse Covas, ressaltando que o tempo ideal para que o resultado de um exame saia não pode ser superior a 48 horas.
Outras regiões do Brasil, menos afetadas pela doença, devem registrar melhora ainda maior na velocidade de diagnósticos, principalmente entre os profissionais que trabalham em atividades essenciais (profissionais de saúde, segurança pública entre outros).
Cenário mais preciso
Com o crescimento no número de casos — consequência do aumento da capacidade de testes—, o Ministério da Saúde passará a ter condições de aprensentar um cenário mais preciso da situação da pandemia no Brasil. Assim, governo, estados e municípios terão informações mais sólidas para colocar em prática medidas mais acertivas no combate ao novo vírus.
Ampliação de testes
A OMS (Organização Mundial da Saúde) tem chamado atenção, insistentemente, para a necessidade de ampliação dos testes para detecção do novo coronavírus. Recentemente, Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, disse que os testes precisam ser eficientes e que países precisam testar o maior número de pessoas possíveis para conseguir atendê-las.
“Testar é a chave”, disse Maria van Kerkhove, uma das especialistas da OMS. Ela explica que é necessário testar aqueles que estão com os sintomas para confirmar as suspeitas.
Por isso, o avanço no número de casos confirmados pode ser um indicativo importante da efetividade do crescimento da capacidade de diagnóstico promovido pelas autoridades brasileiras de saúde.