Uma análise genética realizada por um grupo de pesquisadores de diversas universidades brasileiras mostrou que o novo coronavírus, o Sars-CoV-2, sofreu mutações no país. As amostras do vírus foram colhidas das vias respiratórias de pacientes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.
O resultado do sequenciamento de genomas realizado em 48 horas por uma força-tarefa também demonstrou geneticamente que o SARS-CoV-2 foi introduzido no Brasil oriundo de diversos países europeus além de casos importados da China, em menor número.
Além disso, as análises confirmaram a transmissão local do vírus no país, reforçando a necessidade do isolamento social e testagem como medidas preventivas da transmissão da covid-19. “São as armas que temos agora”, disse, ao jornal O Globo, um dos coordenadores do estudo, Renato Santana, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG. “Não teremos vacina ou remédios prontos a tempo de salvar as vítimas dessa pandemia”, lembra.
O sequenciamento do vírus foi realizado durante o fim de semana do dia 21 de março no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. O trabalho teve a participação de pesquisadores do LNCC, UFMG e UFRJ e contou com a parceria de pesquisadores da USP (CADDE) e da universidade de Oxford na Inglaterra, além de alunos de pós-graduação do país.
Trabalho permanente
Vale dizer, no entanto, que a mutação de um vírus é algo natural. O sequenciamento e a comparação servem para traçar um panorama e acompanhar mudanças importantes, que podem, por exemplo, determinar o aumento da agressividade do vírus.
De acordo com os pesquisadores envolvidos no trabalho, esse acompanhamento da dispersão do vírus no país irá continuar, com o auxílio de inteligência artificial.