A pandemia de coronavírus tem levado pânico à população mundial. Como a doença surgiu e se espalhou muito rapidamente, diversas teorias da conspiração tentaram explicar a origem da Covid-19. Uma das que mais circulou nas redes sociais – e no WhatsApp, claro – foi a de que a doença seria uma arma alienígena para destruir a humanidade.
Quem começou essa história foi o astrônomo e astrobiólogo Chandra Wickamasinghe. Nascido no Sri Lanka, em 1939, o cara jura que a Covid-19 chegou à Terra em outubro de 2019 junto a um asteroide que teria caído justamente na China. Essa não seria a primeira vez que um evento desses teria ocorrido, com outras pandemias supostamente tendo origem extraterrestre.
A síndrome respiratória aguda grave (SARS), de 2002, também surgiu na China e, de acordo com Wickamasinghe, veio de fora da Terra. Ele tem uma certa fascinação nessa crença, tanto que nos anos 1970 escreveu um livro chamado “Doenças do Espaço”, tentando provar como algumas das mais mortais enfermidades, como a gripe, vieram de regiões distantes no Universo.
O astrobiólogo, no entretanto, não sabe explicar como o vírus teria sobrevivido à radiação sofrida durante toda a sua jornada até aqui e nem como teria infectado os humanos após o choque com a Terra. Por conta disso, ele é bastante desacreditado dentro da comunidade científica internacional, mas faz sucesso entre os fanáticos por teorias de conspiração.
A teoria de Wickamasinghe se baseia na ideia de que toda a vida terrestre, na verdade, é extraterrestre. Isto é: a vida por aqui teria surgido através de micro-organismos provenientes do espaço. Muitos cientistas tentam provar essa teoria, chamada de panspermia. Até agora, não obtiveram sucesso.
Arma bioquímica
Outra teoria conspiratória muito popular referente ao coronavírus é de que ele teria sido criado em laboratório para ser uma arma bioquímica. Estados Unidos e China acusaram um ao outro de ter criado o vírus que causou a pandemia. Até mesmo gente importante entrou nessa briga, como o senador norte-americano Tom Cotton, que publicou um tweet em que diz que Wuhan, onde a Covid-19 surgiu, é o único lugar do país que possui um superlaboratório de biossegurança, tentando correlacionar os fatos.
De fato, esse lugar existe, mas sua segurança é tão grande que o vazamento de qualquer patógeno seria impossível. Outras instalações parecidas, de segurança máxima, existem em vários lugares do mundo, inclusive nos Estados Unidos.
Já alguns representantes da China acusam o país de Trump de deliberadamente ter criado a Covid-19 em laboratório e soltado em seu território. Faria sentido os Estados Unidos soltarem um vírus tão contagioso em solo chinês sendo que rapidamente ele voltaria ao território norte-americano? Não faria, mas tem gente que acredita piamente nisso.
Afinal, qual a origem?
De acordo com pesquisadores da revista Nature Medicine, a Covid-19 surgiu através da evolução. Ou seja, um evento extremamente terrestre e natural. Através do mapeamento genético do vírus, foi possível determinar que ele não tem nenhum traço de manipulação laboratorial e muito menos alienígena.
Os coronavírus fazem parte de uma família de vírus que podem gerar doenças com diferentes graus de gravidade. A SARS, por exemplo, foi causada por um tipo de coronavírus e infectou 8 mil pessoas, matando 800 delas. Acredita-se que esta tenha surgido em mutações dentro de civetas-africanas – uma espécie de gato selvagem – infectadas por morcegos. Posteriormente, ao serem comercializadas em mercados, acabaram infectando o homem.
Como os primeiros doentes pela Covid-19 frequentaram o mesmo mercado de Wuhan, é mais provável que a sua origem seja semelhante à da SARS. Não se sabe, entretanto, quais seriam os hospedeiros não humanos que originalmente causaram a mutação que acabou atingindo os humanos. O mais provável é que novamente tenha vindo dos morcegos, já que o mapeamento genético da Covid-19 é bastante similar aos coronavírus encontrados nesses mamíferos voadores.
Outra possibilidade é que o coronavírus tenha saltado de um hospedeiro animal para os humanos para daí sofrer a mutação que o tornou tão contagioso. Ainda será preciso mais algumas pesquisas científicas para determinar se uma dessas duas teorias está correta, mas dificilmente será algo diferente disso.