Depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu participar das manifestações que tiveram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) como alvos, os chefes do Legislativo e do Judiciário se reuniram na tarde desta segunda-feira para debater a crise do novo coronavírus com o objetivo de dar um recado ao mandatário do Palácio do Planalto.
Os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), costuraram o encontro com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no salão nobre do STF com um objetivo: o de que ele simbolizasse um contraponto ao que foi classificado, nos bastidores, como “ato tresloucado” de Bolsonaro.
A reunião foi articulada durante todo o domingo, assim que o presidente da República começou a usar suas redes sociais para divulgar os protestos pelo país. Toffoli, que estava no Marrocos, antecipou seu retorno ao Brasil.
Segundo relatos feitos ao GLOBO, o encontro desta segunda foi ganhando importância no decorrer do dia — principalmente, quando Bolsonaro rompeu os diversos protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde para prevenir a disseminação do novo coronavírus. E depois ainda disse que não se pode tratar a crise com "histeria”.
A avaliação foi a de que, no momento em que o presidente da República decide acirrar o clima entre os três Poderes e minimizar a pandemia, Legislativo e Judiciário precisariam fazer um gesto à sociedade, mostrando que, neste momento, estão unidos e preocupados em apresentar soluções para a crise epidemiológica.
A princípio, a reunião que ganhou peso institucional, estava marcada apenas entre o ministro Luiz Fux, do STF, e o da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O contexto político é que acabou transformando o encontro em uma manifestação política com o intuito de isolar Bolsonaro.