O radialista Fabiano Gomes teve a prisão temporária mantida após audiência de custódia nesta quarta-feira (11). Ele será encaminhado ao Presídio do Róger, onde deve ficar preso, pelo menos, até o sábado (14), caso a prisão não seja revogada ou convertida em preventiva. Fabiano Gomes foi preso nesta terça-feira (10) na oitava fase da Operação Calvário, em João Pessoa. Ele é suspeito de atrapalhar as investigações solicitando dinheiro aos investigados para não divulgar informações sigilosas.
Fabiano Gomes denunciou ao juiz que, em prisão anterior, houve problemas com agentes penitenciários no presídio do Róger. Como medida de cautela, o juiz definidiu que ele não tenha contato pessoal com o diretor do presídio. O radialista ficará, durante os cinco dias, na cela do seguro no Róger. Ele só poderá receber visita da esposa, dos filhos, pais e avós.
Segundo o blog de Matheus Leitão, do G1, o radialista também vai responder por porte ilegal de arma. Outros nove mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em João Pessoa e Bananeiras, na Paraíba. Um auditor também é investigado.
A defesa do radialista Fabiano Gomes informou que via estudar nesta quarta-feira a necessidade ou não de um recurso, já que o radialista só deve ficar preso, por enquato, até o sábado.
A 8ª fase da Operação Calvário e investiga a lavagem de dinheiro de recursos desviados de organizações sociais da área da saúde, por meio de jogos de apostas autorizados pela Loteria do Estado da Paraíba (Lotep).
De acordo com as investigações, parte dos recursos teriam sido desviados com a participação do auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Richard Euler Dantas de Souza. Ele teria recebido uma valor para atrapalhar a fiscalização nas organizações sociais. O TCE-PB não se posicionou sobre o caso.
Além disso, também com o objetivo de impedir a investigação da Operação Calvário, o radialista Fabiano Gomes estaria utilizando canais da imprensa para constranger os investigados ou potenciais investigados. Ele teria solicitado a eles uma quantia em dinheiro para não revelar nenhum conteúdo sigiloso sobre eles.
Ao todo, 55 policiais federais e cinco auditores da Controladoria Geral da União participaram do cumprimento dos mandados, que aconteceram nas residências dos investigados e no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba.
As ordens foram expedidas pelo Desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba.
Outros envolvidos na oitava fase
Foram alvos de busca e apreensão na oitava fase da Operação Calvário o irmão do ex-governador da Paraíba, Coriolano Coutinho, acusado de ser sócio oculto do Paraíba de Prêmios (jogo de oposta); Mayara de Fátima Martins de Souza, chefe de gabinete de Estela Izabel, e secretária-geral da Cruz Vermelha Brasileira (CVB); e Denylson Oliveira Machado, um dos responsáveis pelo Paraíba de Prêmios.
A defesa de Coriolano Coutinho disse que não sabe ainda do que se trata, pois não teve acesso a informações da operação. O G1 não conseguiu contato com as outras defesas.
Vídeo mostra negociação de propina feita por auditor
Um vídeo, que faz parte do processo da Operação Calvário, mostra o que seria um encontro entre o auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Richard Euler Dantas de Souza, e o ex-superintendente da Cruz Vermelha, Ricardo Elias Antônio, ambos denunciados pelo Ministério Público. No encontro os dois, segundo o Ministério Público, tratariam do pagamento de R$ 200 mil ao auditor para “esfriar” as fiscalizações em contratos da Saúde do Estado. O vídeo faz parte da denúncia.
Ricardo Elias: Eu só deixa… Se tá no meu bolso, vamos lá. Isso aqui é o…
Richard: (inaudível) aquele negócio.
Ricardo Elias: (inaudível) aquele negócio lá.
Richard: Beleza.
Ricardo Elias: Você me pediu, tá! Tá resolvido.
Richard: (inaudível)
Ricardo Elias: Aí… Deixa… É que eu tô hoje… Nem tô com muito tempo de folga, tô ferrado de correria. Só mau notícias (inaudúvel) que que aconteceu? Você…
Operação Calvário
A Operação Calvário foi desencadeada em dezembro de 2018 com o objetivo de desarticular uma organização criminosa infiltrada na Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, além de outros órgãos governamentais. A operação teve oito fases, resultando na prisão de servidores e ex-servidores de alto escalão na estruturado governo da Paraíba.
A investigação identificou que a organização criminosa teve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em várias unidades da federação, no período entre julho de 2011 até dezembro de 2018.
Na sétima fase, o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), e o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), se tornaram alvos, no dia 17 de dezembro de 2019. Um mandado de prisão foi expedido contra o ex-governador. Em relação ao atual governador, houve somente mandados de busca e apreensão, determinados para o palácio de governo e para a residência oficial.
Também foram expedidos mandados de prisão contra a deputada estadual Estela Bezerra (PSB) e a prefeita do município paraibano de Conde, Márcia Lucena (PSB). Ao todo, a "Operação Calvário – Juízo Final" expediu 17 mandados de prisão preventiva e 54 de busca e apreensão.
O ex-governador Ricardo Coutinho foi preso no fim da noite do dia 19 de dezembro e teve a prisão preventiva mantida no dia 20 de dezembro após audiência de custódia. Ele foi encaminhado para a Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, no bairro de Mangabeira, na capital paraibana, onde também foram os demais presos na sétima fase da Operação Calvário com prerrogativa de prisão especial. Ele deixou o presídio no dia 21 de dezembro de 2019.