Quem possui um transtorno mental, seja depressão, transtorno bipolar, ansiedade, enfim, já deve ter, alguma vez na vida, sofrido algum tipo de preconceito ou discriminação. Pode ter sido explícito ou implícito, uma frase ofensiva ou um olhar maldoso. Independente do gesto, a única certeza é que a ação, provavelmente, machucou e feriu. É a chamada psicofobia, que, de tão perigosa, pode até matar.
Vivemos em um mundo muito doente, física e psicologicamente. Ao mesmo tempo em que se avançam as curas para as doenças e a medicina evolui seus tratamentos, uma parcela significativa da população padece de enfermidades que não dá conta de resolver.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, até o final desta década de 2020, a depressão será a doença mais comum do mundo. Por que será que, mesmo sendo tão popular, ainda há tantas pessoas que têm um monte de preconceitos contra a doença e outras do gênero?
A verdade é que tudo que não é compreensível objetivamente e não pode ser interpretado de forma lógica é vítima de preconceito. Muitos descriminam aquilo que desconhecem ou não entendem. Ao invés de tentar compreender e se informar, hostilizam e ofendem com seu egocentrismo, sua arrogância e suas crenças pré-concebidas.
Quem convive com um diagnóstico de transtorno mental precisa de amparo, afeto e empatia. Cuidados especiais e atenção redobrada porque, temporariamente, a pessoa fica parcialmente incapacitada de gerir suas emoções, ações e sentimentos. A psicofobia, em casos extremos, pode levar alguém fragilizado e com pensamentos suicidas à morte. É uma irresponsabilidade sem tamanho participar ou fomentar apoiando ataques a indivíduos vulneráveis e desequilibrados emocionalmente.
Boa parte da sociedade tende a rotular portadores de transtornos mentais como “loucos”. O que poucos sabem é que “loucura”, tecnicamente, é um estado patológico complexo caracterizado por surtos psicóticos e crises agudas. O paciente perde completamente o controle de si.
A imensa maioria dos portadores de transtornos mentais não se enquadra nessa categoria. Os estados não são tão graves, boa parte do tempo. Existe autonomia. Não são “loucos”. Com o tratamento médico e psicológico adequado, além do esforço próprio, ninguém permanece mal e é perfeitamente capaz de viver uma vida plena.
Psicofobia é fruto da ignorância, do desprezo ao próximo, da carência de afetividade, da intolerância e da preguiça de se informar melhor. Deve ser combatida sempre que possível, de modo racional e ponderado, com fatos e argumentação. Porque, quem não vier para somar e ajudar no nosso tratamento e na nossa vida que, por favor, ao menos faça a gentileza de não atrapalhar.