Uma pesquisa divulgada esta semana pelo Pew Research Center, um dos principais institutos de pesquisas dos EUA, mostra que o número de imigrantes naturalizados que estão aptos a votar nas próximas eleições presidenciais do país, em novembro, não para de crescer. Eles respondem agora por quase 10% do eleitorado.
No total, são 23,2 milhões de eleitores que nasceram fora do país, mas que conseguiram se naturalizar legalmente. O tamanho do grupo praticamente dobrou desde as eleições de 2000, quando o contingente era de 12 milhões de imigrantes aptos ao voto.
Os eleitores nascidos no México formam a maior parte desse grupo, cerca de 16% do total, com 3,5 milhões de pessoas. Em seguida, os países que forneceram mais eleitores para os EUA são Filipinas (com 1,4 milhão ou 6% dos eleitores), Índia (1,2 milhão de imigrantes, 5% do total) e China (1 milhão, pouco menos de 5%).
Com todo esse crescimento, é certo que a questão imigratória vai ser importante dentro da corrida eleitoral. As políticas do presidente Donald Trump, que endureceu regras de imigração e separou famílias na fronteira com o México, estarão no centro do debate.
Para o cientista político Leonardo Paz, professor de Relações Internacionais do IBMEC-RJ, esse crescimento no número de eleitores nascidos fora dos EUA é importante, mas não deve impactar diretamente no resultado da eleição tão cedo.
"Em princípio, acho que não vai ter um peso grande. A gente acha que pela ênfase que o Trump dá para essas questões, de construir o muro, e usar políticas mais duras na fronteira, pensa que isso mudaria os resultados. Faz sentido, mas a eleição norte-americana tem uma lógica meio complicada", analisa.
Segundo o especialista, o principal motivo está na grande concentração de imigrantes em estados como a Califórnia e no complicado sistema eleitoral norte-americano. Mesmo possuindo o maior número de delegados do país, a Califórnia já teria tendência a votar no candidato democrata de qualquer maneira.
"Seria importante se tivesse uma grande população em estados como Nevada, Ohio, Michigan, que são os chamados 'swing states' (estados onde tanto democratas como republicanos têm chances de vencer). Por outro lado, acho que o tema da imigração vai continuar muito forte", afirma.
'Medo de imigrantes' pode influenciar eleição
O que pode influenciar na eleição, segundo Paz, seria um possível medo de que os EUA possam ser 'tomados' por imigrantes nos próximos anos.
A taxa de crescimento do número de eleitores nascidos nos EUA foi menor: 23% desde 2000, um aumento de 181 milhões para 238 milhões.
"Trump pode até usar isso como tema de campanha. Tem uma estimativa de que no futuro próximo, por volta de 2040, mais da metade da população norte-americana vai ser de origem latina, esse é um tipo de combustível bom pra ele", explica o professor.