O Irã assumiu a liderança de uma estatística negativa neste fim de semana: é o país com mais mortes fora da China, com 16 óbitos e 95 casos confirmados. Ainda não há informações sobre como o vírus chegou ao país.
A maior parte das infecções com coronavírus foi identificada na cidade de Qom, uma localidade sagrada para os xiitas, que fica 120 quilômetros ao sul de Teerã, capital do país que registrou pelo menos 15 casos da doença.
A brasileira Catarina Komiya vive em Teerã com o marido e a filha desde 2018. Ela, em contato com o G1, afirma que a população está preocupada com a demora do governo em atualizar as informações sobre a doença.
"As pessoas têm criticado a demora para alertar a população, pois os casos apareceram de ‘uma hora pra outra’", afirma a brasileira.
Catarina diz que não há nenhuma ordem para utilizar máscaras ou outros equipamentos de proteção, mas muitos cidadãos tomaram a decisão por conta própria. "Não estamos impossibilitados de circular, porém existe o alerta e pedido [do governo] para que se evite sair", conta.
Universidades e escolas fecharam temporariamente na capital do Irã, bem como cinemas e teatros. Porém, o comércio e a rotina de trabalho continuam normalmente.
"Minha rotina acabou afetada por causa da escolha da minha filha, que está fechada", afirma.
Catarina, que é dona de casa, afirma que os canais de televisão mostram com bastante frequência como deve ser feita a prevenção para evitar contágio do novo coronavírus. A busca por máscaras e luvas nas farmácias é grande, e algumas delas não têm mais o produto para vender.
O Irã foi o primeiro país do Oriente Médio a registrar mortes provocadas pelo novo coronavírus. As duas primeiras vítimas fatais eram idosos, segundo as autoridades. A nacionalidade dos outros mortos ou infectados não foi divulgada, o que dá a entender que também são iranianos.
O ministro da Saúde, Said Namaki, anunciou que o tratamento da doença será gratuito. Ao menos um hospital de cada cidade se dedicará exclusivamente a atender, examinar e tratar os casos de coronavírus".
Líder ataca a imprensa estrangeira
O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, acusou a imprensa estrangeira de usar a epidemia como "pretexto" para prejudicar as eleições legislativas, que teve o maior número de abstenções da história.
"A propaganda começou há alguns meses e se intensificou à medida que as eleições se aproximavam e nos últimos dois dias, sob o pretexto de uma doença e um vírus", afirmou neste domingo o guia supremo, Ali Khamenei, durante sua aula semanal aos estudantes de Teologia em Teerã.
De acordo com seu site oficial, o aiatolá Khamenei denunciou a "grande nuvem (de desinformação) criada pela imprensa estrangeira, que não perdeu a oportunidade para dissuadir a população de votar".
"Apesar da propaganda, o guia da Revolução Islâmica aplaudiu a grande participação da população nas eleições", afirma o site.