A nova epidemia de coronavírus é a "maior emergência de saúde" da China desde a fundação do regime comunista em 1949, disse o presidente Xi Jinping, neste domingo.
É necessário aprender com as "deficiências óbvias" que ocorreram na resposta da China, acrescentou Xi em uma reunião oficial para coordenar a luta contra o vírus, um reconhecimento incomum por um líder chinês.
Em comentários coletados pela rede estatal de CFTV, Xi disse que a epidemia "tem a transmissão mais rápida, a maior variedade de infecções e tem sido mais difícil de prevenir e controlar".
— É uma crise para nós e um ótimo teste — acrescentou.
As declarações do presidente chinês chegam em um momento em que o vírus já matou cerca de 2.400 vidas e infectou quase 77.000 pessoas na China continental.
Além disso, fora do país, a CorEia do Sul ativou o alerta máximo e a Itália estabeleceu medidas de quarentena.
Xi reconheceu no domingo que a epidemia "inevitavelmente terá um grande impacto na economia e na sociedade", mas enfatizou que os efeitos serão "de curto prazo" e controláveis.
Mais de 100 infectados na Itália
No norte da Itália, estão bloqueadas a entrada e a saída de áreas onde vivem mais de 52 mil pessoas. A medida foi tomada para controlar o surto no país europeu.
O governo local tenta proteger uma parte das regiões da Lombardia (norte) e Veneto (nordeste).
Empresas e estabelecimentos fecharam as portas, enquanto eventos culturais e jogos de futebol foram adiados.
A primeira medida de confinamento no mundo foi decidida em 23 de janeiro para os 11 milhões de habitantes de Wuhan, uma cidade no centro da China onde a epidemia de pneumonia viral surgiu em dezembro.
O decreto-lei prevê penas de até três meses de prisão para quem entrar ou sair dessas áreas bloqueadas sem autorização.
O governante da Lombardia, a região mais afetada, disse que o país já tem "mais de 100 casos" e exigiu maiores controles nas fronteiras. Dois septuagenários morreram da doença no país nos últimos dias.
A Itália é o país europeu mais afetado pelo vírus. O foco está em Codogno, perto de Milão.
Giuseppe Conte, primeiro-ministro italiano, avisou que poderia recorrer ao exército para monitorar os postos de controle.
China tem 2.442 mortos
Na China, o saldo no domingo foi de 2.442 mortos após o anúncio de 97 novas vítimas. Exceto um, todos estão na província central de Hubei, epicentro do surto.
O Ministério da Saúde registrou 648 novas infecções, portanto já existem cerca de 77 mil casos em todo o país.
O número de mortes anunciadas no domingo nas últimas 24 horas continua em ligeiro declínio, em comparação à véspera (109), mas as infecções aumentam (397 no sábado).
A expansão fora da China está despertando grande preocupação. A OMS teme "a possível disseminação do Covid-19 em países cujos sistemas de saúde são mais precários", alertou seu CEO, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
É o caso de muitos países africanos cujas infra-estruturas de saúde e pessoal médico estão mal preparados para enfrentar a epidemia. Por enquanto, no continente, apenas o Egito confirmou uma pessoa infectada.
Um estudo publicado sexta-feira pelo Centro de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres estima que "cerca de dois terços dos casos de COVID-19 na China não foram detectados em todo o mundo".