Alegria, amigos e muito glitter marcam o mês de fevereiro e o carnaval para algumas pessoas. Mas nem tudo é festa durante a folia ou até mesmo semanas depois. O calor, o aglomerado de pessoas, má alimentação e imunidade baixa favorecem o aparecimento de doenças. Entre as mais comuns estão doenças respiratórias, gastrointestinais e virais. Além disso, ainda as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Não existe uma doença específica que se manifesta nesse período. No entanto, algumas patologias possuem maior propensão. A boa notícia é que o folião não precisa deixar de aproveitar as festas, precisando apenas de alguns cuidados que podem evitar os incômodos durante e pós-folia. O médico infectologista Fernando Chagas esclarece.
Doenças respiratórias
As doenças respiratórias são caracterizadas como gripes e resfriados. São provocadas pelo vírus da influenza. Os sintomas são dor de cabeça, dor no corpo, febre e tosse seca. Normalmente, tem evolução por tempo limitado, durando de um a quatro dias, mas pode se apresentar forma grave.
A transmissão acontece quando alguém com vírus fala, tosse ou espirra próximo a outra pessoa. “Então a aglomeração de pessoas nos períodos de festas, Carnaval e períodos chuvosos acaba aumentando a transmissão dessas doenças. Além disso o toque, quando alguém tosse ou espirra na mão e aperta a mão de outra pessoa. Ou toca numa maçaneta infectada e coça o olho também ” completa o infectologista.
Para tratar dessas doenças é necessário procurar atendimento médico. O profissional passará instruções e medicamentos que irá aliviar os sintomas.
ISTs
Entre as ISTs mais conhecidas neste período estão gonorreia, sífilis e Aids. Elas são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos.
Essas infecções são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (seja oral, vaginal ou anal) sem o uso de preservativo, com uma pessoa que esteja infectada. De maneira menos comum, as ISTs também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas.
A gonorreia, explica o médico Fernando Chagas, é uma doença provocada por bactéria e atinge tanto homens como mulheres. Os sintomas podem aparecer de três a quatro dias após a relação sexual. O paciente apresenta secreção anormal do pênis ou da vagina e dor ao urinar. O tratamento acontece por medicamentos.
Já a sífilis, é uma infecção que pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios. É comum ser caracterizada por úlceras que não doem. Na mulher, os sintomas geralmente não são visíveis por estarem dentro do canal vaginal. O tratamento se dá pelo medicamento penicilina benzatina, popularmente conhecido como “bezentacil”.
Segundo o médico especialista, desde 2015 a sífilis tem sido a doença mais contagiosa do Brasil e a que mais mata pessoas. O médico ressalta a importância de fazer o teste rápido de sífilis, disponível nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a Aids é uma doença causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV na sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. O vírus pode ser transmitido através do sexo desprotegido, de mãe para filho durante a gravidez e amamentação, além do compartilhamento de seringas contaminadas.
Na Paraíba, em 2019, houve redução de 21,5% dos novos casos de Aids. Os dados são do Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Atualmente no estado, 7.132 pessoas estão em tratamento. A doença não tem cura, mas tem tratamento, oferecido pelo SUS.
Mononucleose e herpes labial
Conhecida como ‘doença do beijo’, é transmitida pela saliva, que provoca dor e inflamação na garganta, se assemelhando a uma infecção bacteriana. “As vezes a pessoa chega ao hospital com a garganta inchada e acha que tem que tomar antibiótico. Mas o tratamento não é com antibiótico. Se for prescrito esse tipo de medicamento, o paciente pode ter manchas na pele, o que chamamos de exantema”, disse o infectologista. O tratamento envolve repouso, analgésicos e antitérmicos prescritos pelo médico.
Causada pelo vírus da herpes simples, a herpes labial, é caracterizada pelo surgimento de pequenas e doloridas bolhas nos lábios. Também possui diferentes estágios (primária, latente e recorrente). O tratamento difere de acordo com os sintomas e o estágio da infecção.
Cuidados gerais
De acordo com infectologista Fernando Chagas, a principal recomendação para prevenir doenças e infecções é beber bastante água e manter uma alimentação saudável. A hidratação está relacionada à imunidade. Para pessoas que consomem bebida alcoólica, o conselho é a ingestão do dobro de água, pois o álcool desidrata e provoca a queda de imunidade do organismo, fazendo com que a pessoa se exponha mais a doenças infectocontagiosas.
Higienizar as mãos, principalmente antes de consumir algum alimento, e quando tossir, colocar a mão e evitar jogar gotículas para outras pessoas.
Para evitar os problemas gastrointestinais, o folião deve estar atento na hora de comprar os alimentos durante a festa. Verificar se a pessoa ou local que está vendendo tem cuidados básicos de higiene e como está sendo armazenado o alimento.
Contra o contagio das ISTs, sempre é importante lembrar de usar preservativo. Este ano, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) vai distribuir 1,5 milhão de preservativos para o período de carnaval.
Caso o folião sinta dores no corpo, febre alta, dor ao redor dos olhos, manchas no corpo, dor de cabeça intensa e diarreia, é preciso procurar atendimento médico imediatamente.