Uma família brasileira foi vítima de um atentado a tiros na cidade de Toulon, na França, na última quinta-feira (13).
Cristiane Tavares, de 36 anos foi baleada nas costas, quando andava na rua, perto do apartamento onde mora. A mulher retornou para o imóvel sem notar que tinha sido vítima de arma de fogo.
O homem que fez o disparo a seguiu, entrou no apartamento e também disparou contra o marido dela, André Modenezi, de 39 anos, que foi atingido no abdômen.
O filho do casal, de quatro anos, presenciou o ataque dentro do apartamento, mas não teve ferimentos. Cristiane Tavares conta que os disparos foram feitos por um vizinho. O homem foi preso no mesmo dia do ataque, dentro do imóvel onde morava.
Ela, que é servidora pública no setor de comunicação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), morava em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Junto à família, foi morar em Toulon, na França, para fazer um mestrado.
A mulher se recupera bem, enquanto o marido, André Modenezi, está na UTI de um hospital da cidade. Ele já foi submetido a duas cirurgias e, nesta segunda-feira (17), vai passar pelo terceiro procedimento cirúrgico. André está em coma induzido e estado de saúde estável.
Por meio de nota, o Itamaraty informou que as autoridades consulares do Brasil na França estão cientes do ocorrido e acompanham o caso junto com as autoridades francesas. O Itamaraty ainda destacou que não pode informar mais detalhes, em respeito à legislação vigente sobre privacidade individual.
Cristiane e André moram em Toulon há cerca de cinco meses. Eles se mudaram de Vitória da Conquista para a cidade francesa em setembro do ano passado.
"A gente decidiu morar na cidade de Toulon porque é uma cidade considerada tranquila", destaca.
Ataque com tiros nas costas
A jornalista disse que o ataque ocorreu quando ela saía de casa para a universidade. "Recebi um tiro nas costas. No primeiro momento pensei que se tratava de uma descarga elétrica porque teve um clarão muito forte. Mas eu senti como se tivesse um estado de choque no corpo. Não identifiquei como tiro porque teve um clarão. Aí eu entrei para casa, no apartamento que fica no segundo andar, em um bairro bem tranquilo daqui", relata.
Ao entrar em casa, Cristiane disse ao marido que havia recebido uma descarga elétrica e achava que estava tendo uma parada cardíaca. Ela deixou a porta aberta e em pouco tempo depois, um homem apareceu no apartamento dela.
"Eu não tinha sangue pelo corpo, porque eu estava com um casaco muito pesado, a gente não se deu conta. Aí na hora que eu sentei no sofá, meu marido percebeu que tinha alguma coisa na roupa, como se fosse sangue. Meu marido teve aquela coisa de ir em direção à porta. Na hora que ele foi em direção à porta, o homem entrou e deu o segundo disparo, que foi em meu marido. Eu tava sentada no sofá e meu filho em pé do meu lado", relembra.
Com o marido ferido, Cristiane diz que percebeu tratar-se de um ataque. Então ela correu e trancou a porta logo que o homem deixou o apartamento do casal. A jornalista disse ter pensado que era um ataque terrorista, mas só depois descobriu que o autor dos disparos era um vizinho dela que, conforme relataram os policiais, tem transtornos psiquiátricos.
"Pedi socorro e tranquei meu filho no banheiro. Meu marido já estava no chão, em estado já grave, sangrando, mas ainda consciente, e aí eu fiz essa barreira na porta do banheiro com meu filho lá dentro. Achava que ia morrer naquele momento, vi que já tinha começado mesmo a sangrar, já tinha me dado conta que era mesmo um tiro", diz.
Para que o filho não fosse atingido, Cristiane disse que sentou-se com a criança de quatro anos debaixo da pia, longe da porta e ligou para a polícia.
"Ele [o atirador] voltou [no apartamento] e deu o terceiro tiro na porta. Ele queria entrar, mas não conseguiu. Entre esse período do terceiro tiro, a polícia chegou. Meu marido também conseguiu se arrastar até a janela para falar com a polícia. Foi tudo muito rápido, mas assim, tudo muito terrível", conta.
Atirador morava no andar de cima
Cristiane descobriu, por meio da polícia, que o homem que efetuou os disparos é francês e morava no andar de cima do prédio dela, mas ela nunca tinha o visto.
"Ele era novo no meu prédio. Ele já estava observando a gente. Não sei porque ele teve a gente como mira. Somos uma família, viemos para a França para estudar. É uma coisa incompreensível", lamenta a jornalista.
Ela ainda conta que se surpreendeu com a forma que o homem foi preso e o descreve como uma pessoa fria.
"Quando a polícia subiu, entrou no apartamento dele, ele estava sentado na mesa, com a arma do crime, munições, alguns outros tipos como faca, canivetes, não sei exatamente, parece que tinha uma espingarda também. Ele estava sentado na mesa tomando café. Eu lembro que no momento em que ele entrou em minha casa, para dar o segundo tiro no meu marido, ele olhou para mim. Ele riu e olhou para meu filho", diz.
Cristiane relembra outros detalhes do ataque. "Aquela arma, depois que fui entender, precisava ser recarregada várias vezes. Ele não tinha munição para dar o tiro no meu filho. Ele voltou para o apartamento dele para recarregar. Acredito que aquele terceiro tiro que ele deu na porta seria destinado para meu filho", disse.
A jornalista disse que está recebendo apoio de hospitais e de toda a comunidade da universidade de Toulon, assim como de moradores.