A China investiga o caso de um único paciente "supercontagiante" que teria infectado 14 profissionais de saúde com coronavírus no Hospital Union em Wuhan, epicentro da epidema. As informações são da emissora norte-americana CNN.
Na semana passada, o prefeito de Wuhan, Zhou Xianwang, disse em pronunciamento na estatal CCTV que um paciente espalhou o vírus para um médico e 13 enfermeiras.
De acordo com Zhou, o paciente não tinha sido identificado como caso suspeito antes de ser internado para passar por cirurgia, mas após o procedimento apresentou febre. O prefeito não informou a data exata em que isso aconteceu.
A presença de um paciente supercontagiante em Wuhan indica o potencial de tranmissão do vírus, segundo Michael Osterholm, epidemiologista e professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, nos EUA. Ele coordena uma equipe do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da instituição que está investigando o caso.
O especialista diz que essas pessoas liberam o vírus – por exemplo, em espirros ou tosse – em quantidades maiores do que a maioria dos outros infectados. Ele acredita que existem outras pessoas com essa característica.
"Se temos umpaciente supercontagiante, isso nos diz que teremos mais", disse à CNN. Há a possibilidade de que mais pessoas tenham sido infectadas pelo indivíduo "supercontagiante" do que os 14 mencionados pelo prefeito, de acordo com as pesquisas de sua equipe.
'Supercontagiantes' em outras epidemias de coronavírus
As epidemias mais recentes – SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa) e MERS ((Síndrome Respiratória do Oriente Médio) – causadas por outros tipos de coronavírus – também fizeram vítimas que atuaram como "supercontagiantes".
Em 2003, um médico chinês infectado com SARS que estava hospedado no Metropole Hotel, na cidade de Guangzhou, na China, infectou outros hóspedes que voltaram ao Vietnã, Hong Kong, Cingapura e Canadá. Somente em Cingapura, 94 casos de SARS foram detectados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Doze anos depois, houve cinco casos de supercontágio pela MERS em hospitais na Coréia do Sul. Dentre estes, um único paciente chegou a espalhar a infecção para 82 pessoas.
Como resultado, dois hospitais sul-coreanos fecharam, quase 17.000 pessoas tiveram que ficar em quarentena e a perda econômica foi estimada em 9,3 trilhões de won coreanos, ou US $ 8,5 bilhões. No total, 186 pessoas foram infectadas no surto de MERS na Coréia do Sul e 38 morreram, ainda de acordo com a OMS.