O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi formalmente indiciado nesta terça-feira (28) por acusações de corrupção, após desistir de solicitar imunidade parlamentar, tornando quase certo um julgamento criminal contra ele.
Netanyahu, de 70 anos, está em Washington para reuniões com o presidente dos EUA, Donald Trump, para o lançamento do há muito adiado plano de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, que os palestinos já rejeitaram.
O primeiro-ministro mais longevo de Israel disse em comunicado que um debate sobre imunidade no Parlamento seria um "circo" e ele não queria participar desse "jogo sujo".
Netanyahu, que nega qualquer irregularidade, afirmou: "Informei ao presidente do Knesset (Parlamento) que estou retirando meu pedido de imunidade."
Futuro incerto
Os procedimentos jurídicos agora avançam para julgamento, porém o cronograma ainda é incerto e pode levar meses ou anos.
O veterano de direita, que enfrenta uma eleição nacional em março, não está obrigado a renunciar.
O principal rival de Netanyahu, o ex-general centrista Benny Gantz, fez dos problemas jurídicos de Netanyahu uma peça central de suas campanhas em duas eleições israelenses no ano passado.
Gantz fez uma breve viagem a Washington para discutir o plano de paz com Trump, e voltou correndo para Israel na esperança de liderar o debate no Parlamento contra a concessão de imunidade a Netanyahu.
"Netanyahu vai a julgamento — temos que seguir em frente", disse Gantz depois que Netanyahu retirou seu pedido de imunidade.
"Os cidadãos de Israel têm uma escolha clara: um primeiro-ministro que trabalha para eles ou um primeiro-ministro ocupado consigo mesmo. Ninguém pode administrar o país e, paralelamente, administrar três casos criminais graves", afirmou Gantz no Twitter.
Acusações contra o premiê
O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, indiciou Netanyahu por acusações de corrupção — a primeira do gênero contra um primeiro-ministro israelense — em novembro passado, após uma investigação de longa duração. As acusações incluíam suborno, quebra de confiança e fraude.
Netanyahu é suspeito de aceitar indevidamente US$ 264 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) em presentes, que incluíam charutos e champanhe, segundo os promotores, e de distribuição de favores em supostas ofertas para uma cobertura melhorada por um site de notícias popular.
Netanyahu pode pegar até 10 anos de prisão se condenado por suborno e um prazo máximo de 3 anos por fraude e quebra de confiança.