A paraibana Maria Cândida Dantas, do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), realizou uma pesquisa que propõe investimento na apicultura no Nordeste. Ela avaliou o potencial socioeconômico da criação de abelha sem ferrão na Paraíba e Rio Grande do Norte. Daí concluiu que é uma possibilidade real de geração de renda e de preservação ambiental.
De acordo com a pesquisa, o manuseamento dessas abelhas é desenvolvido tanto na cidade quanto no campo. Tendo o mel como principal produto, comercializado por 82,2% dos criadores, que utilizam técnicas adequadas de manejo e coleta, agregando valor de forma que o litro do mel pode atingir R$ 115,50.
Venda de colônias
Além da comercialização do mel, também são vendidas colônias de abelhas, que podem ser adquiridas por meio de divisões de colônias já existentes. Assim como por caixas-iscas deixadas em locais próximos a colônias naturais, para que possam aproveitar o processo natural de enxameagem (ou enxameação), pelo qual as colônias se reproduzem fundando um novo ninho.
Os valores conseguidos com a venda das colônias variaram de R$ 150 a 800. No entanto, a média é de R$ 268,50. Essa variação ocorre de acordo com a espécie de abelha, com a genética e a classificação da colônia em relação ao seu desenvolvimento.
Para obter esses dados, de 2017 a 2019, foram executadas entrevistas com 45 criadores, em propriedades do Sertão ao Litoral. O catálogo de espécies de abelhas sem ferrões, por serem fáceis de manejar, por não oferecerem riscos à população e também por apresentarem baixo custo de criação.
Além disso, segundo a pesquisadora, são consideradas excelentes polinizadoras, sendo responsáveis pela reprodução de espécies vegetais nativas do semiárido brasileiro. “Essas abelhas têm grande papel no equilíbrio da natureza, contribuindo de 40% a 90% para a polinização das árvores. Isso garante a produção de sementes e de frutos. Especula-se que um terço da alimentação humana dependa direta ou indiretamente da polinização realizada pelas abelhas”.
O volume crescente de pesquisas científicas sobre abelhas sem ferrões nos últimos anos e a inserção desses pesquisadores no campo experimental podem ser um fator de contribuição para o declínio da prática irregular de extração do mel.
Para a pesquisadora, isso pode gerar ascensão de criadores racionais de abelhas, organizados ou não, mas que buscam melhorar seus conhecimentos em relação à criação, manejo e comercialização dos produtos.