Em mais um trecho da delação da ex-secretária de Estado da Paraíba, Livânia Farias, ela afirma que o dinheiro proveniente de ‘caixa 2’ usado em campanhas eleitorais no estado era trazido em aviões e chegava a ser escoltado pelo coronel da Polícia Militar, Fernando Chaves, que morreu em um acidente em 2014.
As informações foram levadas ao ar na edição desta terça (7) do Correio Debate, da Rede Correio Sat. A ex-gestora investigada na Operação Calvário fala ainda sobre possíveis fraudes na seleção de empregos no Estado, principalmente em hospitais, como o Metropolitano de Santa Rita.
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Conforme a ex-gestora estadual, o dinheiro teria sido usado nas campanhas eleitorais de 2012 e 2014 e teria sido obtido por meio de empresas e organizações sociais, como a Cruz Vermelha.
Segundo Livânia, o dinheiro era trazido, em alguns casos, em aviões fretados, transportados pelo ex-secretário executivo do Turismo, Ivan Burity, e desembarcado no hangar do Governo do Estado, em João Pessoa.
Na delação, Livânia diz que Burity teria transportado, em pelo menos uma das viagens, R$ 1 milhão do Rio de Janeiro à Paraíba para gastos com a campanha de 2012 e que o dinheiro teria sido conseguido com o operador da Organização Social Cruz Vermelha (CVB) e Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (Ipcep), Daniel Gomes. Ele foi preso no fim de 2018, mas após colaborar com as investigações, responde em liberdade.
Ouça abaixo os áudios com parte da delação:
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Livânia fala ainda sobre como funcionaria a indicação para empregos no Estado, principalmente em hospitais, como o Metropolitano de Santa Rita, onde mais de 18 mil pessoas se inscreveram para concorrer às 1.289 vagas.
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Os citados
O ex-secretário executivo de Turismo da Paraíba, Ivan Burity, foi solto em 11 dezembro. Ele estava preso na Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, em João Pessoa, desde o dia 9 de outubro.
O chefe da Casa Militar do Estado da Paraíba, coronel Fernando Antônio Soares Chaves, morreu aos 49 anos em um acidente de carro na BR-230, perto da cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, em 2014. Ele bateu de frente com outro veículo, onde estava um jovem de 20 anos que também morreu.
A Polícia Militar informou que não vai se pronunciar sobre o caso e transferiu a responsabilidade do assunto para o Estado. A Assessoria de Comunicação do Governo pediu que fosse feito contato direto com o secretário de Comunicação do Estado, Nonato Bandeira, mas ele não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens de texto. Nonato também é investigado na Operação Calvário.
A Secretaria de Saúde informou que a ex-secretária de Saúde Cláudia Veras quem deveria ser procurada para tratar do assunto, mas ela não foi localizada pelo Portal Correio e também é investigada na Operação Calvário.
A delação
A delação de Livânia é a contribuição dela à Justiça durante as investigações da Operação Calvário, desencadeada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e Polícia Federal, que apura desvios de R$ 1 bilhão na Saúde Pública e já prendeu nomes importantes que atuaram no Governo do Estado da Paraíba.
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) chegou a ser preso, mas está solto a partir de uma decisão de um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar disso, ele pode voltar à prisão a qualquer momento por meio de recursos e desdobramentos no processo.
Repercussão
Os desdobramentos da Operação Calvário e novidades divulgadas a partir da delação de Livânia Farias repercutem no meio político do estado. O líder do Governo na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), deputado Ricardo Barbosa (PSB), prefere não fazer “juízo de valor”.
“Não faço nenhum juízo de valor sobre isso. É constrangedor para a Paraíba que tem um cenário pujante, com a melhor performance no Brasil entre todos os Estados, coisas que nasceram de um projeto que foi edificado ao longo do tempo e hoje vive o melhor momento com João”, disse Barbosa, à Rede Correio Sat.
A vice-governadora da Paraíba, Lígia Feliciano (PDT), disse que não quer comentar sobre as polêmicas e prefere se manter em silêncio acerca do assunto.
O governador João Azevêdo lançou nesta terça-feira (7) a 31ª edição do Salão de Artesanato Paraibano. Ele evitou comentar desdobramentos da Operação Calvário e disse que está focado na administração do Estado.