A polícia libanesa recebeu nesta quinta-feira (2) uma ordem da Interpol para prender o ex-presidente da Renault-Nissan Carlos Ghosn, que se encontra em Beirute, após fugir do Japão.
O ministro da Justiça do Líbano, Albert Serhan, confirmou que o nome de Ghosn foi incluído na difusão vermelha da Interpol e encaminhado à Promotoria Pública do país, segundo a Agência Nacional de Notícias.
Filho de pais libaneses, Carlos Ghosn, de 65 anos, tem cidadanias brasileira (onde é nascido), libanesa e francesa. Ele entrou no Líbano legalmente com um passaporte francês, na última segunda-feira (30), segundo o ministro para assuntos presidenciais, Selim Jreissati.
A difusão vermelha da Interpol é uma solicitação às polícias locais em todo o mundo para que localizem e prendam provisoriamente um fugitivo da justiça de outro país.
A ordem de prisão internacional ainda não foi encaminhada ao judiciário. A agência de notícias Reuters acrescenta que em casos semelhantes, de alerta vermelho de cidadãos libaneses residentes no país, os indivíduos não foram presos, apenas foi estipulada fiança e confisco dos passaportes.
Carlos Ghosn, que estava sob fiança no Japão, fugiu no último fim de semana, utilizando jatinhos particulares, em uma viagem ainda cercada de mistérios.
Não se sabe, por exemplo, como ele conseguiu driblar a vigilância policial na casa onde vivia em Tóquio. Na terça-feira (31), uma emissora de TV libanesa informou que Ghosn escapou escondido em uma caixa de um instrumento musical, usado por uma falsa banda que se apresentaria na casa dele.
No Japão, Carlos Ghosn é alvo de processos criminais que incluem má conduta financeira — em um deles, é acusado de usar dinheiro da Nissan para fins pessoais.
Após a confirmação da fuga, a promotoria japonesa revogou o acordo de fiança e ele se tornou foragido. Nesta quinta-feira, promotores fizeram buscas na casa dele em Tóquio, em uma tentativa de entender como o ex-titã da indústria automotiva conseguiu escapar.