A PF (Polícia Federal) apura se empresas fantasmas pertencentes aos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram usadas para lavar dinheiro de propina. As investigações apontam que os irmãos organizavam pagamentos ilegais em um grupo de troca de mensagens chamado "Lulets".
Uma das empresas, a Flexbr Tecnologia LTDA é registrada no nome de Sandro Luis Lula da Silva, não tem funcionários e nem registros de pagamentos, compra de materiais ou equipamentos.
Chamou atenção dos investigadores que, mesmo inativa, a empresa tinha grande movimentação bancária. Entre 2012 e 2016, a empresa recebeu R$ 533 mil de outras empresas da família do ex-presidente, como a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, cujo proprietário é Fábio Luis Lula da Silva, e a L.I.L.S Palestras e Participações, que têm o ex-presidente como dono. Também houve repasses do Instituto Lula.
De acordo com as investigações, 87% da arrecadação da Flexbr foi transferida para as contas de Sandro Luis e de outro filho adotivo de Lula. Na avaliação da Operação Lava Jato, as empresas eram utilizadas apenas para lavar recursos oriundos de propina.
Fábio Luis, o Lulinha, comandava o esquema e os outros irmãos apenas recebiam os repasses. As negociações teriam sido feitas em um grupo de troca de mensagens específico, batizado de "Lulets". As investigações apontam que os filhos do ex-presidente conversavam na plataforma sobre movimentações financeiras e emissão de notas fiscais das supostas empresas fantasmas.
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Para os delegados, as conversas demonstram que Lulinha controlava a empresa em nome do irmão. Ele também seria o responsável pelo recebimento de propina das empresas telefônicas e empreiteiras e repassava parte do montante para os irmãos.
Outro lado
A defesa de Fábio Luis Lula da Silva disse que nada de irregular foi apurado nas empresas e que a Lava Jato "transforma fatos cotidianos em feitos espetaculares" por ele ser filho de um ex-presidente.
A Oi afirma que é a principal interessada no esclarecimento de eventuais atos que possam lhe ter gerado prejuízo.
O Instituto Lula diz que adquiriu serviços da Flexbr Tecnologia, em 2014, para a triagem de documentos que fazem parte da história do ex-presidente Lula.