Um levantamento feito pela plataforma “Parlametria” apontou que apesar do financiamento privado nas campanhas eleitorais ter sido vedado, aproximadamente 90% dos deputados federais eleitos – 461 dos 513 parlamentares – contaram com doações feitas por empresários, que somaram R$ 115,9 milhões. Os dados do estudo estão disponíveis para o público no site da ferramenta, que é gratuita e foi desenvolvida no laboratório Analytics, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Acompanhar posicionamentos de deputados e senadores do Brasil, os vínculos e afinidades políticas e econômicas deles dentro e fora do ambiente legislativo são os objetivos da plataforma, que foi lançada no último dia 27 de novembro.
O projeto foi criado em parceria com pesquisadores da Open Knowledge Brasil e da instituição Dado Capital. A finalidade da plataforma é simplificar as informações que tramitam no Congresso Nacional.
Na Câmara, as doações somam R$ 90,3 milhões, o equivalente a 16% do total recebido pelos parlamentares eleitos. No Senado, a participação das doações de empresários foi cerca de 27%, que correspondem a R$ 25,6 milhões, do total gasto em campanha pelos senadores eleitos veio de pessoas físicas com participação societária em empresas.
Para os criadores da ferramenta, a análise demonstra que os laços entre os empresários e políticos continuam fortes e mudam apenas a forma com que as doações são feitas.
Com a ferramenta, também é possível verificar como votou cada parlamentar em temas sobre meio ambiente, direitos humanos, integridade e transparência, agenda nacional e educação. Além de acompanhar, em termos percentuais, quais votos favoráveis à agenda do Governo Federal.
Para o professor da UFCG Nazareno Andrade, coordenador do Laboratório Analytics, a intenção da plataforma é disponibilizar informações e análises para que a sociedade possa se engajar e influenciar o trabalho do parlamento brasileiro de acordo com os seus temas de interesse.
“O que pretendemos com o estudo é mostrar como esses grupos econômicos seguiram atuando, mesmo depois da proibição do financiamento privado. Importante é o cidadão acompanhar o deputado que elegeu com base nessas informações”, ressalta.