Aos 15 anos, Adrieny Monteiro dos Santos Teixeira é a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro em uma das maiores olimpíadas de matemática do mundo, que aconteceu na China, a World Mathematics Team Championship, (WMTC ). A adolescente é estudante do 9º ano do ensino fundamental do Colégio Pedro II, no Centro do Rio de Janeiro.
Além do Brasil, também participaram delegações de escolas públicas e particulares da Austrália, Filipinas, Malásia, Bulgária e China. O evento aconteceu entre os dias 21 e 25 de novembro, e contou com a participação de 164 estudantes mais 11 estados brasileiros.
Em entrevista ao G1, Adrieny contou que demorou para se dar conta da importância do prêmio.
"Na hora, não caiu a minha ficha. Quando eu cheguei no Rio de janeiro, no Brasil, eu vi as mães, os pais e foi uma sensação muito boa, incrível. Eu fiquei muito feliz em representar o sexo feminino. Foi a primeira vez do Brasil na olimpíada", disse Adrieny.
A estudante, que hoje ainda não acredita na conquista da medalha de ouro, contou sobre as dificuldades que enfrentou para chegar tão longe.
Moradora de Vicente de Carvalho, na Zona Norte da cidade, Adrieny começou a estudar no colégio federal há quatro anos. Todos os dias, ela acorda às 4h para poder chegar ao colégio às 7h. A adolescente contou que estudar engenharia é um de seus planos.
Amor pelo colégio
Sorridente, Adrieny considera que a mudança de colégio foi crucial para chegar à premiação.
“Antes do Pedro II, eu estudava em colégio municipal e senti muita diferença. No município, pelo o que eu me lembro, são seis matérias, sete. Aqui é quase o dobro, tem francês, música e artes visuais”, disse a jovem.
Mesmo ganhando a medalha, a aluna disse que a paixão por matemática só começou no Pedro II.
“Achava a matemática chata, um pouco complicada, muitos números. Mas, entrando no Pedro II tive professores maravilhosos. Matemática não é um bicho de sete cabeças, é legal”, brincou a jovem.
Dificuldades para viajar
A estudante embarcou para a disputa na China na companhia de outros 17 alunos do Pedro II. O convite para participar da disputa chegou após o grupo ser premiado com ouro na Olimpíada de Matemática Sem Fronteiras, realizada no Brasil.
Para custear a viagem até a China, responsáveis, professores e os próprios estudantes montaram uma força tarefa: deram aulas particulares para outros colegas e venderam doces para arrecadar o dinheiro.
Os estudantes também fizeram uma rifa de uma camisa da seleção de vôlei para conseguir recursos e tornar a viagem possível. O Colégio Pedro II também conseguiu verba para a viagem com o Ministério da Educação.
“A gente conseguiu se organizar durante um tempo, com esse dinheiro, e mais tarde também surgiu a verba do colégio para nos levar para a olimpíada. Com esse dinheiro, pudemos levar mais um integrante e mais uma professora”, explicou Adrieny.
Adrieny contou que a prova, totalmente em inglês, exigiu tanto conhecimento em matemática quanto na língua estrangeira. Ela competiu na categoria avançada, voltada para alunos de 15 a 20 anos.
Para os alunos, o idioma foi mais um desafio. Além dela, outros 10 alunos do Pedro II também ganharam medalhas. A professora de inglês Marissol Rodrigues lembrou que todos os alunos que foram até o país sempre se esforçaram nas aulas.
“Eles são alunos com desempenho acadêmico muito bom, são muito comprometidos. Eles estavam super focados. Nas edições anteriores, só asiáticos ganharam a olimpíada. Ficamos impactados”, disse a professora.
Medalha de ouro
Sem esquecer dos outros colegas medalhistas de prata e bronze, a estudante ressaltou a importância de trazer a premiação para o Brasil.
“Foi uma sensação emocionante porque a gente trouxe medalha para o Brasil, para o Pedro II. Inclusive, o colégio se destacou nessa olimpíada. Foi muito gratificante ver o time todo trazendo a premiação”, destacou.
A mãe da adolescente, Janaina Monteiro, disse que a filha é muito focada e empenhada nos estudos.
“Sempre foi muito estudiosa, esforçada e dedicada nos estudos. Ela busca as oportunidades, projetos, desafios para se aprimorar, assim como os colegas. Desde novinha ela já tinha o entendimento da importância do estudo na vida dela”, contou a mãe.