A paraibana Luzia Silva, de 28 anos, não vê a hora da filha poder correr e brincar novamente como as outras crianças da escola em que estuda. Isso porque a filha, Tiffany Laune, hoje com sete anos, desenvolveu raquitismo hipofosfatêmico quando tinha apenas dois anos. Agora, a menina tem a chance de fazer uma cirurgia, que deve ser feita em janeiro deste ano, mas, para isso, a mãe precisa conseguir R$ 9 mil e, por isso, começou uma campanha para arrecadar esse valor.
“Minha filha nasceu sem nenhum problema nas perninhas. Mas ela tinha falta de fósforo e, aos dois anos, acabou desenvolvendo o raquitismo, que deixou as perninhas dela tortas. Isso aconteceu porque ela não recebeu as medicações necessárias quando era mais novinha e agora precisa passar pela cirurgia”, relata a mãe.
Conforme Luzia Silva, que mora na cidade de Cajazeiras, no Sertão paraibano, a cirurgia da filha deve acontecer no Hospital Santa Terezinha, em Sousa, na mesma região. “O médico falou que a cirurgia deve ser em janeiro do ano que vem, mas que custa R$ 9 mil. Segundo ele, a cirurgia é necessária porque o caso da minha filha pode se agravar, as deformidades podem aumentar”.
A campanha realizada pela mãe é a divulgação nas redes sociais sobre uma rifa de uma bicicleta que ela fez para conseguir o valor para a cirurgia da filha. Luzia, que trabalha fazendo faxinas e ganha por mês cerca de R$ 300, explica que a rifa, no valor de R$ 5, é para tentar juntar o dinheiro necessário para a cirurgia da filha, recomendada pelo médico para que seja feita em janeiro de 2020.
“Quando ela completou dois anos, a gente percebeu que ela começou a arrastar as perninhas de um jeito diferente. Aí a gente levou ela no médico aqui em Cajazeiras. Ele ainda passou um aparelho que ajudaria a desentortar, mas não adiantou”, afirma Luzia.
A data da cirurgia ainda não foi marcada. Segundo a mãe de Tiffany Laune, ela vai com a filha no dia 6 de dezembro deste ano a João Pessoa, para que o médico determine a data da cirurgia, caso o dinheiro para o procedimento seja arrecadado pela família.
“A cirurgia mudaria o preconceito que a minha filha sofre todos os dias. Ela iria se sentir menos mal, sabe, ela vê os coleguinhas na escola e me pergunta porque ela nasceu com as perninhas diferentes das deles, mas eu sempre explico que ela não nasceu assim, que foi algo que ela desenvolveu, mas que vai dar tudo certo”, diz a mãe.
Luzia conta que, além de Tiffany, ela tem mais uma filha de 10 anos. O companheiro dela, pai das meninas, trabalha como servente de pedreiro e recebe um salário mínimo por mês. A rifa da bicicleta seria uma forma de ajudar a juntar o dinheiro para a cirurgia da filha.
“Eu fiz a rifa de uma bicicleta infantil para tentar arrecadar dinheiro para ajudar nesse valor de R$ 9 mil. Até agora conseguimos vender 100 reais de rifa, mas publiquei nas redes sociais para que, quem puder e tiver interesse em nos ajudar, a gente possa receber ajuda de outras formas também”, comenta a mãe.
Além das rifas da bicicleta feita por Luzia para juntar o dinheiro para a cirurgia da filha, a mãe diz que as pessoas que tenham interesse em ajudar podem entrar em contato pelo telefone (83) 99385-9220.
Mãe conseguiu medicação gratuita na Justiça
A mãe de Tiffany Laune conta que hoje a filha toma uma medicação para que o quadro de raquitismo não evolua. Segundo ela, se a filha tivesse tomado a mesma medicação desde cedo, talvez não tivesse desenvolvido o raquitismo.
“Eu só pude começar a comprar a medicação depois, por ser muita cara. Como a gente não tinha como bancar isso todo mês, eu entrei na Justiça e briguei pra que a minha filha pudesse receber essa medicação pelo governo. Graças a Deus nós conseguimos e faz cinco meses que ela toma às dosagens pelo SUS”, relata Luzia.
A menina toma as dosagens do medicamento duas vezes ao mês. “Às vezes a dosagem diminui, às vezes aumenta, depende do que o médico recomenda após avaliação no mês”, afirma a mãe.
Raquitismo hipofosfatêmico
O raquitismo hipofosfatêmico é uma doença caracterizada por hipofosfatemia, deficiente absorção intestinal de cálcio e raquitismo ou osteomalacia que não responde à vitamina D. É geralmente hereditária. Os sintomas são dores ósseas, fraturas e anormalidades do crescimento.
A doença se manifesta como amplo espectro de anormalidades, que vão desde hipofosfatemia isolada até retardo de crescimento com baixa estatura, e raquitismo grave e osteomalacia. Crianças costumam manifestar isso quando começam a andar, com arqueamento das pernas e outras deformidades ósseas. O rápido crescimento ósseo em relação aos ligamentos musculares pode limitar os movimentos.
*Sob supervisão de Taiguara Rangel