“A revolução tá só começando. A gente tá se encontrando, tá se lendo, se organizando. A gente vai escurecer tudo e aí vocês vão ver todo mundo lendo pretos”. Este é um dos recados dados por jovens do projeto “Batalha do Pedregal”, desenvolvido na periferia de Campina Grande. A iniciativa foi criada há quatro meses com a finalidade de valorizar a cultura do bairro do Pedregal e incentivar a aceitação de identidades.
Foi através do “slam”, que também é chamado de “poesia marginal”, que Jéssica Oliveira encontrou um caminho para falar sobre a própria cor.
Para o grupo, o projeto também é uma oportunidade para conquistar novos espaços e despertar a consciência de igualdade. Além da poesia marginal, também são realizadas disputas de rima e de passinho. Todas as atividades acontecem em uma praça da comunidade.
“Desde muito cedo as pessoas diziam que eu não era negra ou que eu não era negra o suficiente pra ser chamada assim. Era moreninha. A consciência demorou a chegar. Eu alisava o cabelo. Familiares me incentivavam a colocar pregador para afinar o nariz. Cresci sabendo que tinha que me encaixar em padrões de beleza”, desabafou Jéssica.
O organizador do projeto, Jonathan Ferreira, acredita que iniciativa transformou a rotina das crianças e jovens do bairro. “A batalha do Pedregal tá evoluindo muito. Agora as crianças no sábado sempre têm coisas para fazer”, destacou.
Através do projeto, os jovens relatam experiência e manifestam as cobranças de cada um. O grupo acredita que a poesia transformou a maneira com que eles se comunicam com o mundo e que a modalidade possibilita que eles sejam do jeito que são.
“O racismo é um problema mundial e de todos nós. Tem a ver com democracia, com respeito e com ser humano. Então, não é um problema só de negros, mas da sociedade inteira”, concluiu.