Os planos para Lara nascer estavam marcados para o mês de agosto, com os nove meses de gestação completos. Porém, na madrugada do dia 11 de maio de 2015, Gitana Almeida, mãe de Lara, sentiu dores fortes e crescentes que a levaram ao hospital. E assim nasceu Lara, em João Pessoa, com 28 semanas de gestação, dez a menos daquilo que é considerado o ideal. Neste domingo, 17 de novembro, é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade.
Gitana conta que não há certeza do porquê de Lara ter nascido prematuramente. “Durante a gravidez, os exames não mostraram nada anormal”, disse. A suspeita dos médicos era de insuficiência istmocervical, quando os tecidos do colo do útero são fracos e, por motivos desconhecidos, pode se abrir muito antes de o bebê estar pronto para nascer.
As dores foram o anúncio do parto. A bolsa só estourou quando Lara já estava nascendo, de parto normal. O médico de plantão no hospital quando os pais, Gitana e Bruno, chegaram, disse que não havia nada a fazer para evitar o parto prematuro.
"O parto normal é conhecido pela dor intensa das contrações. Mas, para mim, pude definir a palavra dor a partir do momento em que não escutei o choro da minha filha e não pude pegá-la no colo. Por menos de 5 segundos a vi, e ela foi rapidamente levada para incubadora", disse Gitana.
Lara passou 44 dias internadas, entre a unidade de terapia intensiva (UTI) e a de cuidados intermediários neonatais. A criança nasceu com 39cm de comprimento e 1.185kg e necessitou de um tratamento especial.
Durante todo esse período de internação de Lara, Gitana acompanhava a filha do início da manhã ao final da noite. Bruno não podia acompanhar a esposa e a filha devido ao trabalho. Somente os pais tinham acesso à UTI, e os avós e outros familiares e amigos do casal os acompanhavam em orações.
Todos os dias, dentro da UTI, Gitana rezava a novena de Nossa Senhora das Graças, enquanto sua mãe rezava de casa.
"Mesmo cansada da rotina no hospital eu não deixei de rezar a novena um só dia. A fé me manteve em pé, me deu forças para suportar as dificuldades que passamos. E, ao final do dia, eu sempre podia contar com o abraço do meu marido", relatou.
No Brasil, mais de 300 mil crianças nascem prematuramente – o que representa 12% do total de nascimento. Este percentual, segundo a Pesquisa Nascer no Brasil Fiocruz, supera a média mundial de 10%. De acordo com a Secretaria de Saúde da Paraíba, nasceram 4.839 bebês prematuros ao longo de 2019, no estado. Em 2016, foram 5.790; em 2017, 5.816; e em 2018, 6.161.
As razões para o nascimento prematuro são diversas. De acordo com a pediatra Mariana Alves, existem vários fatores que podem levar a isso:
"Adolescentes ou mulheres que resolvem engravidar mais tardiamente são gestações de risco. Falha no pré-natal, falha no acompanhamento do pré-natal, patologias como hipertensão, obesidade, também causam um risco mais elevado para nascimentos prematuros" disse.
O nascimento prematuro, a propósito, também pode originar sequelas e até morte dos bebês. De acordo com Mariana, problemas como perda de visão, risco de obesidade, autismo e hipertensão podem acontecer com prematuros. Para evitar problemas, a médica ressalta alguns cuidados:
"O acompanhamento no pré-natal é que faz a diferença… não é só salvar a vida do bebê, é ver a qualidade de vida que o bebê vai ter futuramente".
Carinhosamente chamada de "Moranguinho" pelas técnicas e enfermeiras da UTI durante a internação, Lara atualmente tem 4 anos de idade e é uma criança saudável e feliz. Ainda acompanhada por uma das médicas que conheceu durante a internação, Vanessa Valério, mas sem nenhuma sequela do nascimento prematuro.
"Lara lutou como uma forte guerreira, pois sua vontade de viver era a coisa mais linda de se ver. Ela é um milagre de Nossa Senhora Das Graças que, hoje, encanta e traz alegria a vida de todos ao seu redor… e essa honra e glória devemos a Deus, que pela poderosa intercessão de Nossa Senhora Das Graças nos deu a vitória", comemorou Gitana.
*Sob supervisão de Krys Carneiro e Taiguara Rangel