Ao todo, doze mulheres foram assassinadas no mês de outubro no estado da Paraíba. Destes, seis casos estão sendo investigados como feminicídios. Segundo dados da Secretaria de Segurança e da Defesa Social, apesar de o número representar 50% dos casos no mês, ele se iguala ao mês de abril como o mais violento para as mulheres, com seis mortes registradas relacionadas à causa de gênero. Outubro também superou as estatísticas do mês de maio, que até então tinha o maior número de assassinatos de mulheres, independente da motivação.
A notícia se repete, mas o número e a dor só crescem. Os casos de feminicídio seguem em alta na Paraíba em 2019. Desde o início do ano, 33 mulheres tiveram suas vidas encerradas pelas mãos de seus ex-companheiros motivados por um sentimento de posse e, na maioria dos casos, da não aceitação do término do relacionamento ou da autonomia da mulher.
Um dos casos que marcam o mês de outubro foi o de Ana Rita, de 61 anos, que foi encontrada morta no banheiro da residência onde morava com várias perfurações de faca na cidade de Areia. Segundo a polícia, o caso foi um feminicídio seguido de suicídio. O crime que teria sido cometido pelo marido e suspeito, José Arimatéia, de 55 anos, foi motivado, segundo familiares, por um abuso do acusado à filha adotiva do casal. O abuso teria sido motivador de uma discussão entre o casal, que acabou com sangue.
Outro caso que chocou o estado foi o de uma jovem de 25 anos que foi encontrada morta dentro de uma casa em São José do Bonfim, no Sertão da Paraíba, com um tiro na cabeça. A principal suspeita é de que o crime teria sido cometido pelo companheiro dela de 45 anos que, segundo testemunhas, aparentava ciúmes em diversas situações com a jovem.
A maioria dos casos que entram nas estatísticas de mortes investigadas como feminicídios são, em sua maioria, resultado de relações amorosas conturbadas. Em alguns deles, como no caso de Roberta Sousa que foi esfaqueada dentro do local de trabalho, a mulher decide colocar um fim no relacionamento e o então companheiro não aceita mesmo que a polícia já tenha sido procurada.
Roberta buscou a polícia, abriu vários boletins de ocorrência contra o ex-companheiro e até conseguiu uma medida protetiva que obrigava por lei que o suspeito ficasse longe da vítima. O que preocupa milhares de mulheres que buscam ajuda policial, mas seguem vivendo com medo do dia de amanhã. O caso também aconteceu em outubro, mas Roberta não entrou nas estatísticas de feminicídios porque os colegas de trabalho agiram e capturaram o acusado, que em seguida foi preso pela polícia.
Além das mortes, os casos de tentativa de feminicídio e agressões às mulheres são cotidianas e, para tentar frear os crimes e esse crescimento, o indicado por Nercília Dantas, delegada da Delegacia da Mulher em Campina Grande, é que as mulheres e a sociedade se unam para denunciar os casos para tentar evitar as mortes. "É preciso que a mulher dê o primeiro passo e siga as recomendações dadas na delegacia, e a comunidade deve cooperar denunciando os casos e acolhendo a mulher", relata.