Campeão mundial, continental e brasileiro como técnico, Abel Braga foi o nome escolhido para liderar um galático Flamengo versão 2019. Acabou deixando o clube em maio com resultados satisfatórios, porém, com desempenho bastante contestado. Na opinião pública, era o famoso "time que vencia, mas não convencia". Já sob o comando de Jorge Jesus desde julho, o Rubro-Negro correspondeu às grandes expectativas de rendimento criadas sobre o seu milionário elenco. E ainda conseguiu superar os bons números de seu antecessor no cargo.
Na última quarta-feira, Jesus igualou os 32 jogos da recente passagem de Abel pelo clube, e o GloboEsporte.com comparou os números dos dois treinadores. Embora o português tenha ganhado o reforço de quatro titulares (Pablo Marí, Rafinha, Filipe Luís e Gerson), seu antecessor disputou mais da metade das partidas pelo campeonato estadual, com equipes mais frágeis tecnicamente. Na balança, o atual técnico leva vantagem em todos os quesitos.
Números de ataque
O Flamengo da "Era Abel" marcou 59 gols no período e só ficou quatro partidas sem estufar as redes. Apenas 12 foram de bola parada, sendo sete de escanteios, quatro de pênaltis e uma em falta indireta. O artilheiro do período foi Bruno Henrique, que em muitos jogos atuou como centroavante por opção do técnico e fez 13 gols, dois a mais do que Gabigol.
Com Jesus, a produção ofensiva aumentou 35%. Foram 70 gols e só três jogos em branco. O time ainda passou a ter mais êxito com a bola parada, muitas em jogadas ensaiadas: balançou a rede 20 vezes assim, sendo oito em escanteios, sete de pênaltis, três em faltas indiretas e duas em cobranças de lateral. Os atacantes também cresceram de rendimento: Bruno fez 18 gols, e Gabigol virou o goleador com 23.
Em termos de assistências, a diferença é menor. Enquanto o Flamengo de Abel deu 47 passes para gol, o de Jesus deu 52. Mas chama atenção que Arrascaeta, maior garçom com o português com 10 assistências, só tinha duas com o antecessor – o uruguaio muitas vezes foi reserva com o treinador. Já Bruno Henrique, que foi o garçom da "Era Abel" com nove passes para gol, tem seis com o Mister.
Números de defesa
Defensivamente, o saldo é parecido. O time de Abel sofreu 29 gols, enquanto o de Jesus levou 27. Com o antecessor, o Flamengo passava mais sufoco com as bolas aéreas, tendo sido vazado 10 vezes dessa maneira. Além disso, a equipe era criticada por tomar gols em quase todos os jogos. Só em nove ficou com sua meta intacta, e sua maior invencibilidade no período foi de 10 partidas.
O maior número de gols tomados em um mesmo jogo, porém, aconteceu sob o comando de Jesus, quando levou quatro no empate por 4 a 4 com o Vasco. Por outro lado, o time tem sofrido menos nas bolas aéreas (foram sete gols assim) e tem conseguido ficar mais partidas sem ser vazado (12 vezes). Mas a grande diferença é na invencibilidade: a equipe atual está sem perder há 24 jogos.
No geral, Abel teve 67,7% de aproveitamento, com 19 vitórias, oito empates e cinco derrotas – foram 17 jogos pelo Carioca, seis no Brasileiro e na Libertadores, um na Copa do Brasil e dois na Flórida Cup, torneio amistoso nos Estados Unidos. Por sua vez, Jesus soma 77% de rendimento, com 22 triunfos, oito empates e dois reveses – 24 partidas no Brasileiro, seis na Libertadores e duas na Copa do Brasil.
Mas por enquanto só Abel Braga deixou a sua passagem marcada no clube com título, ao ter sido campeão carioca. Jorge Jesus tenta colocar o seu nome também na história rubro-negra e tem duas chances para cumprir o objetivo ainda em 2019: o técnico está na final da Libertadores, no próximo dia 23, e lidera o Campeonato Brasileiro com 11 pontos de vantagem para o segundo colocado, a cinco rodadas do fim.