O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco (PE), Polícia Federal (PF) e Tribunal de Contas da União (TCU) investigam desvio de recursos públicos e irregularidades na fiscalização de obras na BR-101, no trecho da região metropolitana do Recife, entre o km 51,6 e o km 82,3. Nesta quarta-feira (13), foi deflagrada a Operação Outline, com busca e apreensão em 10 endereços, incluindo as sedes do Dnit e do DER-PE, bem como das construtoras do consórcio e das residências das pessoas investigadas.
A ação foi motivada pela necessidade de obter-se prova documental dos fatos denunciados e foi autorizada pela Justiça Federal. As investigações foram realizadas conjuntamente, com base em auditoria técnica do TCU e acompanhamento do MPF.
A obra é objeto de termo de compromisso firmado, em 2012, entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Estado de Pernambuco. Em 2017, foi formalizado contrato com consórcio de construtoras, com repasse previsto de mais de R$ 191 milhões.
Conforme relatório do TCU, foram revelados indícios da existência de suposto conluio entre funcionários públicos vinculados ao Departamento de Estradas e Rodagens de Pernambuco (DER-PE) e representantes do consórcio, com a possível finalidade de desvio de parte dos recursos da obra, podendo caracterizar a prática dos crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram irregularidades como a realização de serviços em desconformidade com as especificações técnicas, instruções e normas adotadas pelo Dnit, o que pode causar a diminuição da vida útil e da segurança da obra. As apurações indicaram que esses serviços foram atestados por servidor do DER, em princípio, sem respaldo de documentos que comprovassem o atendimento aos requisitos técnicos do projeto de engenharia.
Além disso, foi constatado que, em 2018, uma das construtoras do consórcio foi designada, pelo Dnit, como supervisora dos serviços, caracterizando possível conflito de interesses. Também foram detectados atrasos com relação ao cronograma e a contratação indevida de serviços de conservação e recuperação, com fortes indícios de montagem de licitação emergencial para o favorecimento de uma construtora do consórcio. A construtora, por sua vez, teria transferido valores a título de pagamentos de fornecedores a contas de empresas 'fantasmas', que não funcionam nos endereços indicados em seus estatutos.
Sobre o nome da operação, 'Outline' é a tradução literal para a língua inglesa de “contorno”, e significa ainda rascunho ou esboço, simbolizando algo provisório, inacabado.