O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou nesta sexta-feira (18) nova ação contra a União motivada pelo derramamento de óleo em praias da costa do Nordeste do Brasil. O processo requer que a Justiça Federal obrigue a União a acionar em 24 horas o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional. Os pedidos da ação judicial, que é conjunta, abrangem toda a costa do Nordeste.
O Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional está previsto na Lei do Óleo 9.966/2000, adotado em acidentes envolvendo poluição causada por óleo de maiores proporções, na qual a ação individualizada dos agentes não se mostra suficiente para a solução do problema.
O MPF entende que o governo federal está sendo “omisso, inerte, ineficiente e ineficaz” por “não atuar de forma articulada em toda a região dada a magnitude do acidente e dos danos já causados ao meio ambiente”.
De acordo com o MPF, o desastre ambiental já chegou a 2,1 mil quilômetros dos nove estados da região e é considerado o maior da história no litoral brasileiro em termos de extensão.
A ação do MPF
A ação pede, em caráter de urgência, que a União seja obrigada a acionar em 24 horas o Plano Nacional de Contingência e multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.
Também está entre os pedidos que um representante de cada órgão estadual de Meio Ambiente dos Estados afetados pelo caso integrem o comitê de suporte ao Plano de Contingência e que os Estados tenham autonomia para fiscalizar as medidas.
Por fim, o MPF registra na ação que, para fins de operacionalização, fiscalização e com respeito à independência e autonomia de cada Estado da Federação envolvido, que uma vez implementado o Plano Nacional de Contingência (PNC) para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, membros do Ministério Público Federal em cada Estado da Federação atingido acompanharão a execução do PNC de acordo com as circunstâncias e especificidades socioambientais locais.
O documento foi assinado pelos procuradores da República Ramiro Rockenbach e Lívia Tinôco (Sergipe), Raquel de Melo Teixeira (Alagoas), Vanessa Cristina Gomes Previtera Vicente (Bahia), Nilce Cunha Rodrigues (Ceará), Hilton Araújo de Melo Maranhão), Antônio Edílio Magalhães Teixeira (Paraíba), Edson Virgínio Cavalcante Júnior (Pernambuco), Saulo Linhares da Rocha (Piauí) e Victor Mariz (Rio Grande do Norte).
O plano
O Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (PNC) foi instituído em 2013, através de decreto do governo federal, com o objetivo de preparar o país para casos justamente como o que afeta a costa do Nordeste desde o mês de setembro.
O documento, bastante detalhado, descreve responsabilidades, diretrizes e procedimentos para o governo responder a vazamentos de petróleo com foco em “minimizar danos ambientais e evitar prejuízos para a saúde pública”. Sergipe e da Bahia já decretaram estado de emergência.
De acordo com o decreto, integram o comitê executivo do plano o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério de Minas e Energia, o Ministério dos Transportes, a Secretaria de Portos da Presidência da República, a Marinha do Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional.
Resposta do governo
O Ministério do Meio Ambiente foi procurado pelo Portal Correio para comentar o caso, mas não respondeu até as 15h desta sexta-feira (18).
Óleo em praias da Paraíba
A Paraíba foi um dos primeiros estados afetados pelas manchas de óleo, em setembro deste ano. Porém, de acordo com órgãos como Superintendência Administrativa do Meio Ambiente (Sudema) e Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam), todos os trechos afetados já foram limpos e não há registro de novas ocorrências de manchas no litoral do estado.