A Bolsa brasileira operou deslocada do mercado americano e fechou em alta de 0,45%, a 104.817 pontos, maior patamar desde 11 de julho. O dólar, que chegou a R$ 4,185 pela manhã, perdeu força e encerrou em queda de 0,26%, a R$ 4,1530.
Nos Estados Unidos, índices da Bolsa de Nova York, que operavam em alta pela manhã, inverteram o sinal com a notícia de que uma delegação chinesa cancelou visitas a fazendas no estado americano de Montana.
O presidente americano Donald Trump também mexeu com os ânimos do mercado ao declarar que a China é uma ameaça ao mundo e que não busca um acordo parcial com a Pequim, apenas um acordo total.
Especulava-se sobre a possibilidade de um primeiro ajuste nas relações comerciais entre os países, com o cancelamento de tarifas.
Trump também disse que o que o eleitorado americano não o punirá pela guerra comercial nas eleições de 2020.
Com o agravamento das tensões comerciais, índices americanos fecharam em queda e, no saldo semanal, quebraram um ciclo de três semanas de altas. Nesta sexta, Dow Jones caiu 0,58%, S&P 500 0,50% e Nasdaq, 0,80%.
Além disso, o Fed, banco central americano, disse que realizará mais operações compromissadas até outubro para injetar dinheiro no sistema bancário do país.
Nesta semana, as taxas de juros no mercado de "repos" –captação de fundos de curto prazo, por meio de compra e venda de títulos sob acordos de prazo muito curto–, tiveram alta de mais de 400% e foram para níveis mais altos desde o auge da crise global de crédito em 2008, em patamares de 10%.
Se essa condição persistir, cresce o receio de que os formuladores de política monetária estejam perdendo o controle das taxas de juros de curto prazo.
Embora as operações de recompra devam fornecer uma ajuda temporária, analistas disseram que o Fed precisa oferecer soluções mais permanentes.
No Brasil, a Bolsa brasileira acumulou alta de 1,27% na semana marcada pelo corte na Selic e pela disparada do petróleo, que subiu 7,56% no período.
Nesta sessão, o Ibovespa teve alta de 0,45%, a 104.817 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,3 bilhões, acima da média diária para o ano.
Segundo Bruno Capusso, analista sênior de Tesouraria do banco Fator, o mercado brasileiro foi beneficiado pela escolha de José Barroso Tostes Neto, auditor fiscal aposentado, como o novo secretário especial da Receita Federal, em substituição a Marcos Cintra. Capusso diz que havia uma apreensão de que o indicado ao cargo fosse de fora do órgão.
Ele também cita operação da Polícia Federal que tem como alvo o líder do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
"Hoje o mercado está mais tranquilo com esta operação, pois ela não deve atrapalhar andamento das pautas do governo", diz Capusso.
O dólar, por sua vez, acumulou valorização de 1,6% no período. Dentre moedas emergentes, o real é a terceira que mais se desvalorizou. Apenas o Rand sul-africano e o Zloty polonês tiveram desempenhos piores na semana.
Este movimento é fruto da queda no carry trade –prática de investimentos em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros.
O corte na taxa básica de juros promovido pelo Banco Central na quarta (18) deixa aplicações com juros menos atrativas para estrangeiros, que entrevam com dólares no país.
No momento, a diferença entre juros no Brasil nos Estados Unidos, que já foi grande, está no menor patamar da história, o que deixa o investimento em juros no Brasil menos atrativo.
O saldo pode ser ainda menor, com a previsão da Selic a 4,5% ao fim do ano.
Tal movimento leva o dólar a ganhar força frente ao real. Na manhã desta sexta-feira (20), a moeda chegou a R$ 4,185, maior patamar desde 13 de setembro de 2018, antes das eleições presidenciais. Na data, a moeda bateu os R$ 4,20, recorde nominal.