O ex-governador Ricardo Coutinho falou pela primeira vez desde que assumiu a comissão provisória instituída pela direção nacional do PSB, em meio à crise interna na sigla. Em entrevista à rádio Serra Branca FM, na tarde desta quarta-feira (11), ele teceu duras críticas ao socialistas que se opõem às mudanças na direção da legenda e sugeriu que o desentendimento no partido é causado por pessoas ‘desleais’ e ‘mesquinhas’.
Ricardo Coutinho questionou os socialistas que se opuseram à ascensão dele ao comando da comissão provisória instituída pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e fez questão de relembrar o papel desempenhado por ele na eleição de João Azevêdo ao Governo do Estado.
“Eu estava me perguntando uma coisa muito simples, quer dizer que eu sirvo para eleger senador, para eleger um governador que há quatro meses da eleição tinha 2% de conhecimento, eu sirvo para fazer bancada de 22 deputados estaduais, 6 federais, e agora eu não sirvo para presidir o partido que eu construí ao longo desses anos todos? Tem alguma coisa que não se encaixa, alguma verdade que não foi dita”, disse.
Recado a parlamentares
Sem citar nomes, Ricardo Coutinho respondeu a parlamentares da base do governo que se colocaram contra a mudança na direção do PSB . Ele duvidou da capacidade desses deputados de se elegerem sem a ajuda dele na campanha.
“Se não fosse a minha determinação, muitos não seriam nem deputado. Tem deputado que disputou não sei quantas vezes em outro esquema, onde fazia papel de bobo da corte, e nunca passou de 4 mil votos. Foi eleito comigo, pois nós entendíamos que era importante, e hoje abre a boca para poder ter uma postura raivosa contra muita pessoa, e não têm o que dizer, e ficam dizendo que eu sou chato. Eu sou aquilo que eu sou e todo mundo sabe disso”, reforçou.
Para Ricardo, foi ‘democrática’ a renúncia coletiva que levou à destituição de Edvaldo Rosas na presidência do PSB. “Houve uma renúncia, que é um ato democrático, é um ato pessoal, e é um ato estatutário. Nos países que têm parlamentarismo, quando a maioria do parlamento vota um voto de desconfiança, o governo cai. No partido, é a mesma coisa. Quando a maioria renuncia, a direção cai, e cabe à instância superior, que é a Executa Nacional, nomear uma comissão provisória”, disse.
Coutinho revelou que foi ‘convencido a aceitar’ assumir a direção do PSB e destacou que recebeu amplo apoio da direção nacional da legenda. Ele acusou a antiga gestão do PSB de usar o partido para ‘angariar’ cargos no governo.
“Fui escolhido por unanimidade. Não teve um voto contrário. Para você ter uma ideia, nessa reunião todos os membros da executiva nacional falaram e disseram que o partido precisava passar por um processo diferente, pois estava perdendo o ritmo e sendo usado para se angariar alguns cargos e não é isso que eu quero para o PSB, que é um instrumento de mudança para a Paraíba”, pontuou.
O ex-governador fez críticas à imprensa estadual e deixou claro que a decisão de permanecer à frente do partido é definitiva. “Irei presidir o partido durante algum tempo, reestruturarei, estarei ao lado dos candidatos a prefeito, e esse é um compromisso meu, compromisso de vida. Tem muito barulho em uma parte da imprensa que foi contra a gente e que hoje está ao lado do governo como se tivesse feito campanha. Enquanto estiver vivo, estarei falando contra esse tipo de procedimento”, protestou.
‘Gesto mesquinho’
Ricardo minimizou a decisão de João Azevêdo, Veneziano e outros socialistas que recusaram as indicações para compor a comissão provisória do PSB, mas chamou de ‘gesto mesquinho’ a negação em aceitar a deliberação do partido.
“É um direito de cada um, do mesmo jeito que a maioria da direção renunciou, que é democrático, é direito alguém dizer que não quer. É só oficializar à direção. A executiva nacional deliberou que o presidente fará as substituições imediatamente. Eu só tenho a lamentar, porque acho que é um gesto muito mesquinho. A executiva nacional concedeu quatro vagas a essas pessoas que fugiram da reunião e preferem atacar o partido. Eu não posso fazer nada, comuniquem ao TRE e as mudanças que nós vamos implementar vão acontecer e o partido voltará à realidade”, declarou
Críticas ao desempenho de Edvaldo Rosas
O socialista informou que uma das razões que o levaram a aceitar o comando do PSB foi a perda do ingrediente ‘de vanguarda’ do partido. Ele opinou que Edvaldo Rosas não tinha mais fôlego para presidir a legenda e pautar politicamente o governo.
“Eu aceitei essa tarefa para poder dar um choque democrático no partido. O partido estava burocratizado, parado. Observe nos anos anteriores como era o governo, que tinha uma pauta política forte, de vanguarda, e atualmente essa pauta política não está mais sendo exercida pelo governo. Não estou criticando o governador João Azevêdo, isso depende de circunstâncias, mas de concreto você não tem mais o governo com essa pauta que o Brasil tanto precisa na área da democratização. Caberia o partido ajudar o governo ou puxar o governo adiante, mas quem estava à frente do partido não tinha mais esse fôlego”, considerou.
Volta do feudalismo na Paraíba
Coutinho ainda sugeriu que o modelo político do ‘feudalismo’ está voltando a ganhar espaço na Paraíba e acrescentou que vai trabalhar para conter essa tendência. O socialista não citou o nome de quem estaria praticando o ‘feudalismo’, e mandou um recado para os prefeitos sobre as eleições municipais de 2020.
“A minha tarefa é conduzir o partido, preparar o partido, apoiar aqueles que são corretos, leais, aqueles que efetivamente querem construir o PSB. É assim que acho que é minha caminhada, minha determinação”, concluiu.