O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu às críticas do presidente da França, Emmanuel Macron, e afirmou que a proposta do líder europeu de discutir a onda de queimadas na Amazônia na Cúpula do G7 –fórum do qual o Brasil não participa– "evoca mentalidade colonialista descabida no século 21".
"Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais.
O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema", escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter, pouco depois de protagonizar uma live nas redes sociais sobre o assunto.
O Brasil enfrenta forte pressão internacional em razão do aumento dos índices de desmatamento e, mais recentemente, das queimadas na região amazônica.
Emmanuel Macron tomou a dianteira da reação internacional nesta quinta-feira e, referindo-se à Amazônia, disse que "nossa casa está queimando".
"A floresta amazônica –os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta– está em chamas. Trata-se de uma crise internacional. Membros da Cúpula do G7 [que ocorre a partir do dia 24 na França], vamos discutir essa emergência daqui a dois dias", escreveu o francês em rede social.
Na sua live semanal nas redes, Bolsonaro criticou o teor da mensagem de Macron, embora não tenha se referido diretamente ao mandatário europeu. Ele classificou como "desfaçatez" um país estrangeiro falar em "nossa" Amazônia e sugeriu que há interesses de outras nações em aumentar sua influência sobre o território brasileiro.
"Eu fico indignado de ver gente fazendo uma campanha contra o seu próprio país sem saber o que está acontecendo. Vocês acham que outros países que nos atacam dessa forma –um país que eu não vou falar o nome aqui teve a desfaçatez de falar ‘a nossa Amazônia’– estão interessados em você brasileiro ou estão interessados em um dia ter um espaço na Amazônia para eles?", disse Bolsonaro na live.
Bolsonaro disse ainda que países que enviam dinheiro para financiar projetos de preservação ambiental no Brasil não fazem isso "por caridade".
Ele argumentou que há interesses em "atingir a soberania" do Brasil no caso e sugeriu que o objetivo final desse movimento de prejudicar a imagem do país pode ser uma "intervenção na Amazônia".
O presidente alegou que os incêndios têm "viés criminoso" e que não sabe quem está por trás das queimadas, podendo ser fazendeiros, ONGs e índios. No entanto, ele não apresentou provas que embasem essas acusações.
Em outro momento da live, ele disse que "há suspeitas" de que produtores rurais estão aproveitando para "tocar fogo".
Por último, o presidente disse que o governo está buscando informações sobre a origem dos incêndios. Ele reconheceu ainda que o desmatamento tem crescido, mas disse que não é fácil combater o problema em razão das dimensões da região amazônica e da escassez de recursos do Brasil.