O bronze é uma liga metálica, formada por elementos como cobre, estanho e zinco. Por ironia, a alegria com sua conquista não costuma ser, assim, tão pura quanto à de alguém que ganha o ouro – um metal precioso extraído diretamente da natureza. Casos deste tipo já podem ser observados, em relação a alguns brasileiros, nestes Jogos Pan-Americanos de Lima.
Não há dúvida que, no momento em que um atleta sobe ao pódio, o valor da medalha que ele está ganhando não tem preço. Mas há situações em que ganhadores da medalha de bronze reproduzem, na emoção, exatamente o sentido de cada metal. A alegria, existe, mas tem de ser trabalhada, com outras emoções, em uma liga de sentimentos.
Um destes exemplos está personificado no atirador Júlio Almeida, de 49 anos, que conquistou no último domingo (28) sua sétima medalha em Jogos Pan-Americanos.
Mas o bronze conquistado na Pistola de Ar 10m veio após ele estar próximo de ganhar o ouro, que estava em suas mãos antes dos últimos dois disparos. Além disso, os dois primeiros lugares garantiram a vaga olímpica.
Almeida mesmo admitiu que, apesar da satisfação, a conquista veio acompanhada por um gosto de decepção. Nesta categoria, o Brasil obteve a medalha de prata olímpica em 2016, por meio de Felipe Wu, amigo de Almeida.
Na patinação, o sonho do ouro escorregou para o santista Gustavo Casado. Tendo sido campeão mundial em 2013, ele entrou na Arena Poliesportiva de Videna confiante em realizar uma atuação impecável, mas, em apresentação com alguns erros, levou a nota 128,09 e ficou com o bronze.
O vencedor foi o argentino Juan Sanches, com a nota 152,63, seguido do americano john Burchfield, que ficou com nota 133,17.
Já para o atleta do mountain bike, Henrique Avancini, atual número 3 do mundo pelo ranking da UCI (União Ciclística Internacional), a medalha de prata no cross country foi, até certo ponto, decepcionante.
Questões mecânicas o impediram de pedalar até o Olimpo. No momento em que ele já sentia que podia ganhar o ouro, em disputa com o mexicano Jose Ulloa Arevalo, o seu pneu traseiro furou e ele perdeu tempo.
Na prateleira de medalhas, esses atletas jamais deixarão de esconder essas honrosas conquistas. Mas, no fundo, torcerão para que seus admiradores as vejam apenas de longe, confundindo-as com o ouro. Pois, caso eles se aproximem, e observem de perto a medalha de bronze, perceberão a própria essência do metal. O brilho dele será sempre um pouco mais opaco.