Os erros do passado repercutem no futuro. Tal afirmação é uma lei natural, algo próximo a ação e reação. E seguindo essa linha de raciocínio, as áreas que podem ser atingidas pela premissa exposta são vastas, estando nesse contexto a política partidária. Exemplo concreto está na pessoa do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), que tem quase 70% de aprovação dos que residem na Capital, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Opinião e divulgada ontem.
A pontuação de Cartaxo é alta, o que mostra acertos em sua gestão administrativa. Mas, como disse no início do texto, erros repercutem no futuro, e o chefe do Executivo pessoense já percebeu sua falha, preferindo adiar para o próximo ano o nome que irá apoiar. Busca o alcaide costurar uma aliança que possa mostrar alguém em condições de disputar o pleito de 2020 com reais chances de sucedê-lo.
A tarefa é hercúlea, difícil diria, pois foi o próprio Cartaxo que edificou uma ilha, passando a “viver” nela como ermitão, recebendo apenas cartas dos seus aliados e enviando mensagens de repulsa ao longo da sua gestão àqueles que o apoiaram, especialmente os dissidentes do então “Coletivo Girassol”, capitaneado pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).
Ainda houve a ruptura com o Partido dos Trabalhadores, sigla que Luciano Cartaxo esteve filiado por duas décadas, sendo por ela eleito vereador da Capital, vice-governador, deputado estadual e prefeito de João Pessoa na sua primeira gestão. Sua saída da agremiação partidária foi considerada, pelos petistas, como um gesto de traição, o que praticamente sepulta uma reaproximação entre o gestor e seu ex-partido.
Outro atropelo grave. Luciano Cartaxo, tido como candidato certo ao governo do Estado nas últimas eleições, estando ele bem ranqueado para enfrentar o então candidato João Azevêdo (PSB), apoiado por Ricardo Coutinho, além do senador José Maranhão (MDB), preferiu desistir da sua postulação. O fato deixou seu grupo político desarmado, por não ter tempo de trabalhar outro nome.
Resultado: Luciano lançou seu irmão, Lúcélio Cartaxo. Pouco conhecido no Estado, e enfrentando Ricardo Coutinho, que sempre gozou de ampla aprovação popular, além do forte grupo aliado do socialista, Lucélio sucumbiu, sendo vencido por João Azevêdo no primeiro turno.
Após a derrota nas eleições passadas, o prefeito de João Pessoa ficou ainda mais isolado, observando seu umbigo e os aplausos tortos da sua bancada na Câmara Municipal que, embora seja numerosa, não possui nomes com densidade eleitoral para uma disputa majoritária. E assim está Luciano Cartaxo. Possuidor de boa aprovação popular mas, como um rei sem sucessor, pensativo e até certo ponto amargurado pela condição que ele mesmo criou.