A Bolsa brasileira recuou pelo segundo pregão seguido após aprovação do texto-base da reforma da Previdência em primeiro turno da Câmara dos Deputados. Com a concretização do que, segundo o mercado financeiro, era o passo mais importante no trâmite do projeto, investidores realizam lucros com a disparada do Ibovespa nas últimas semanas.
Nesta nesta sexta-feira (12), o Ibovespa recuou 1,18% e perdeu o patamar dos 105 mil pontos. Entre segunda (8) e quarta (10), o índice acumulou 1,65% de alta e chegou à máxima histórica de 105.817 pontos. Somando quinta (11) e sexta (12), o recuo é proporcional, de 1,8%. No saldo da semana, o índice tem leve queda de 0,15%
Já o dólar teve uma das maiores depreciações do ano na semana, caindo 2,15%.
Além do otimismo com a reforma, a moeda americana perdeu força no cenário internacional, com a perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos. Nesta sexta, o dólar foi para R$ 3,7390, queda de 0,340%, menor patamar desde fevereiro.
Depois da votação do texto-base, com aprovação expressiva, em plenário, os deputados votam destaques, que podem mudar o projeto e impactar a economia prevista, que, até o momento, gira em torno do R$ 1 trilhão preterido pelo governo.
Além de desidratar a reforma, os destaques atrasam a aprovação do projeto. Apenas depois de apreciados, a reforma pode ser votada em segundo turno na Câmara e, então, seguir para Senado.
A casa tem até quarta-feira (17) para votar a reforma antes do recesso parlamentar. Caso não seja apreciado até esta data, a aprovação final deve atrasar, o que retardaria uma recuperação da economia.
Mas, para o mercado, o fundamental já foi alcançado, a aprovação em primeiro turno.
"A aprovação da reforma é o que importa, se for em julho ou agosto é indiferente. Claro, quanto mais tempo demorar, maior a chance de algo análogo ao Joesley Day estrague os planos, e isso deve resultar em volatilidade no curto prazo. Mas seguimos ‘construtivos’ com a chance da reforma ser aprovada e pouco diluída em relação ao texto original", afirma relatório da Rico Investimentos.
O Joesley Day, divulgação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o ex-presidente Michel Temer (MDB), azedou o clima político em Brasília e emperrou o andamento da reforma da Previdência de Temer.
Nesta sexta, o Ibovespa recuou 1,18%, a 103.903 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,525 bilhões.
A queda só não foi mais acentuada devido a alta da Petrobras. A empresa tem operado descolada do Ibovespa nos últimos dias, depois de recomendação de compra pelo banco Goldman Sachs e vendas de ativos na Bolívia e Argentina, conforme o plano de alavancagem financeira.
As ações preferenciais, mais negociadas, da companhia subiram 0,45%, a R$ 28,53. As ordinárias, com direito a voto, tiveram alta de 0,63%, a R$ 31,50.
Nos Estados Unidos, o viés foi positivo e os índices da Bolsa de Nova York voltaram a bater recordes. Dow Jones subiu 0,80%, a 27.332 pontos. S&P 500 teve alta de 0,46%, a 3.013 pontos e Nasdaq, de 0,6%, a 8.244 pontos.