Em maio deste ano, o detento Allan Junior Fernandes, preso por suposto crime de estelionato em agosto do ano passado, fugiu da Cadeia Pública de Solânea, Brejo da Paraíba, onde estava recolhido.
A fuga contou supostamente com elementos ainda não bem esclarecidos, como uma possível ajuda de agentes e do diretor da unidade prisional. O presidiário teria fugido com Ana Cristina de Oliveira, uma mulher de 28 anos, residente na cidade de Soledade, no Agreste Paraibano. Junto com eles, foram os dois filhos de Ana. A mãe da jovem denunciou que a filha havia sumido. Ana, então gravou um vídeo para uma amiga através do qual nega que esteja sequestrada.
Confira abaixo:
Fuga da prisão
Somente depois do sumiço de Ana Cristina que a família dela percebeu que Allan era fugitivo da cadeia de Solânea. A fuga ocorreu no dia 17 de maio. De acordo com a Polícia Civil, foi Ana Cristina que foi buscar o detento no dia da fuga na cadeia.
A fuga de Allan é investigada por supostas relações do diretor da cadeira e agentes penitenciários. Ainda segundo a Polícia Civil, foram instaurados inquéritos para apurar essas supostas ligações.
Relembre o caso
Em agosto de 2018, Allan foi preso após tentar fugir da polícia e causar um acidente, com três vítimas, em uma rua de Solânea. Ao Portal Correio, o delegado Pablo Everton contou que o suspeito de causar o acidente fugiu após ser localizado por policiais, que iriam levá-lo até a delegacia para que ele respondesse por denúncias de estelionato.
“Recebemos denúncias de que o suspeito havia contratado e pago com cheques sem fundo algumas jovens para trabalhar em uma loja de hortifrutigranjeiros que ele havia aberto em Solânea. Além disso, ele havia feito empréstimo de R$ 2,8 mil com o dono do prédio onde a loja funciona, mas não pagou. Quando os policiais souberam que ele estava em Solânea, conseguiram localizá-lo. Ele esperou os agentes se aproximarem e empreendeu fuga em um carro”, contou o delegado.
Foi durante a tentativa de fuga que o suspeito perdeu o controle do veículo, que atingiu duas motos, deixando três pessoas feridas. Ainda segundo o delegado, após o acidente, o homem tentou fugir a pé, mas foi preso.
Supostas regalias
Durante a fuga de Allan, de acordo com uma fonte que não quis se identificar, ele levou uma pistola do Sistema Penitenciário. O mais sério é que, segundo informações de uma fonte policial, Allan Júnior estava onde queria e quando desejava e agia como se fosse um agente da segurança, de tanta liberdade que tinha de ir e vir. O secretário de Administração Penitenciária da Paraíba, coronel Sérgio Fonseca, afirmou desconhecer essas denúncias, mas que tudo será apurado.
Ainda de acordo com a fonte do Portal Correio, no dia da fuga, Allan teria dito que iria para um motel com uma garota que o levou em um veículo Onix de cor vermelha, mas de placas não identificadas. Após isso, ele não retornou mais para a Cadeia Pública.
Allan Júnior era procurado em mais de 10 estados do Brasil e considerado um preso de alta periculosidade em termo de potencial lesivo. Ele também respondia por tentativa de homicídio, já que no dia da prisão atropelou ao menos três pessoas. Também responde a pelo menos 20 processos em vários estados.
Diretor negou regalias, mas foi exonerado
O diretor da Cadeia Pública de Solânea, Fernando Diogo Júnior emitiu, uma semana após a fuga, uma nota oficial sobre o caso. Segundo ele, Allan não teria regalias, diferentemente do que foi apontado por uma fonte do Portal Correio. Ele afirmou que o detento “apenas prestava serviços junto à unidade para fins de remição de pena”.
Já em relação à fuga, o diretor afirmou que não estava na unidade e que o agente que estava de plantão só comunicou o fato às 5h30, apesar de ter ocorrido por volta das 23h.
Apesar das negativas, o diretor foi exonerado do cargo. A exoneração do diretor foi publicada na edição do dia 28 de maio, do Diário Oficial do Estado (DOE).
Mudanças na Cadeia de Solânea
O Secretário de Administração Penitenciária realizou mudanças na Cadeia Pública da cidade de Solânea. As alterações foram publicadas na página 6, do Diário Oficial do Estado (DOE), do dia 29 de maio, um dia depois do anúncio de exoneração do diretor, Fernando Diogo Júnior, por supostamente permitir que um detento gozasse de ‘regalias’ na unidade.
De acordo com a publicação, três funcionários que atuam como agentes de segurança foram transferidos da unidade. Não foi explicitado se as mudanças tiveram relação com a denúncia.
Nas portarias, o secretário alegou que os atos se deram por necessidade da administração pública com vistas à eficiência na prestação do serviço.