O Programa de Inclusão Através da Música e das Artes (Prima), criado e mantido pelo Governo do Estado da Paraíba há sete anos, entrou definitivamente para a história da música brasileira. Prova disto é que nos dias 16 e 17 deste mês, em Catolé do Rocha, o programa participou das gravações para um documentário acerca da vida e da obra do Maestro José Siqueira, paraibano nascido em Conceição, no Vale do Piancó. As imagens foram gravadas em meio ao aglomerado de serras de Capim-Açu, em Catolé do Rocha.
O longa-metragem intitulado “Paraibanas” tem direção de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques e deverá ser lançado em 2020. Antes disso, a equipe pretende voltar à Paraíba para gravar também com a Orquestra Sinfônica da Paraíba, tombada recentemente como Patrimônio Histórico e Cultural do estado. Conforme o diretor Eduardo Consonni, “Siqueira, além de compositor e maestro, foi um exímio professor, e o Prima, dentro da narrativa do filme, representa um sonho quase utópico de ver jovens do Sertão paraibano tendo acesso à música e artes. Além disso, a orquestra executa uma de suas obras mais conhecidas, a Toada”.
O Prima terá uma participação destacada no documentário dirigido pelos cineastas Rodrigo Marques e Eduardo Cosnoni, que continuam colhendo imagens em Conceição, terra natal do Maestro, Pombal e Bonito de Santa Fé, na Paraíba, onde Siqueira regeu a filarmônica local aos 14 anos. Também no Rio de Janeiro-RJ, Moscou e outras cidades.
Para a participação no documentário o maestro e coordenador pedagógico do programa, Rainere Travassos, reuniu alunos e professores dos polos de Campina Grande, Catolé do Rocha, Cajazeiras e João Pessoa. No entanto, a proposta da Orquestra José Siqueira permanecerá encantando a comunidade sertaneja. O Prima definiu a continuidade da Orquestra reunindo alunos e professores do sertão. A participação do Prima no documentário teve uma boa repercussão no núcleo cultural do governo.
“Fazer o resgate das nossas memórias num período de desmonte do país, em que arte e educação estão como alvos, nunca foi tão importante e o maestro José Siqueira é um exemplo de superação pois sentiu a ditadura bater em sua obra, que reverenciava o erudito trazendo a contemplação das riquezas da cultura popular paraibana e nordestina em suas composições. O Espaço Cultural José Lins do Rêgo abriga e homenageia diversos equipamentos voltados para as artes e a belíssima Sala de Concertos Maestro José Siqueira é um deles”, afirma Raísa Agra, vice-presidenta da Fundação Espaço Cultural – Funesc.
Para o maestro Rainere Travassos, coordenador pedagógico do programa, “o que o Prima vivenciou na última segunda-feira foi de grande importância para o fortalecimento do programa. Mostramos o que podemos fazer com nossos próprios esforços. A gravação para o documentário foi um marco que empurra o Prima para dentro de um dos mais ricos momentos da história da música brasileira. Afinal, a obra de José Siqueira é tão importante e grandiosa quanto a de Villa-Lobos, Guerra Peixe e outros grandes compositores”.
O polo de Catolé do Rocha ofereceu e organizou a estrutura necessária para os ensaios e alojamento dos alunos e professores. A base dos integrantes da Orquestra Maestro José Siqueira está fundada na “Praça de Guerra”, Catolé do Rocha. Desta vez juntou alunos e professores de Campina Grande, João Pessoa e Cajazeiras. Mas deverá seguir seu caminho reunindo alunos e professores do Sertão para preparar concertos no segundo semestre e estabelecer um calendário de concertos pelo Sertão e outras regiões, no próximo ano.
Sobre o Maestro
Siqueira nasceu no dia 24 de junho de 1904 e faleceu no dia 22 de abril de 1985. Até hoje o maestro paraibano é reverenciado internacionalmente pelo seu curriculum como compositor e regente de orquestras importantes como as orquestras de Detroit e da Filadélfia, nos Estados Unidos.
Na França regeu a Orchestre Radio-Symphonique, de Paris, na Itália, a sinfônica de Roma, entre outras. Foi professor da Escola de Música da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Fundou algumas Orquestras no Brasil e no mundo, a exemplo da Orquestra Sinfônica Brasileira. Criou a Ordem dos Músicos do Brasil e foi o seu primeiro presidente.